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O Ipiranga e todos os bairros do País saúdam os indicados brasileiros ao Oscar

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“‘A arte existe porque a vida não basta”

(Ferreira Gullar)

Viva a democracia!

Uma imprescindível pausa na divulgação do novo livro Dinoel e Dagmar – Notícias de Um Romance Inacabado para aplaudir e reverenciar o incrível feito de Fernanda Torres, Selton Mello, Walter Salles e trupê pela indicação do filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” a três categorias do Oscar – Melhor Atriz, Melhor Filme Internacional e Melhor Filme do Ano.

Um alento para a arte brasileira.

Um raio de esperança para a democracia em todos os quadrantes do mundo.

Uma chance para reafirmar que ainda estamos aqui, os que resistem ao obscurantismo – e é possível acreditar em dias melhores.

Sobre o filme escrevi dois posts ainda no mês de dezembro:

“Não dá para esquecer”

Ainda Estou Aqui, o filme

Em novembro escrevi

O filme de Salles e a música do Erasmo

Se quiserem conferir, ficem à vontade.

A MANCHETE DA GAZETINHA

Quero lhes contar um histórinha saborosa, uma lembrança daquelas inesquecíveis, que se deu, pra variar, nas dependências da velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor, no tradicional bairro do Ipiranga, em São Paulo.

Foi assim:

Nosso colunista de TV e Cinema, o saudoso amigo Ismael Fernandes, escreveu um alentado artigo sobre a cerimônia de entrega do Oscar que aconteceria na noite de domingo.

O jornal circulava às sextas-feiras. Tinha tiragem de 40 mil exemplares, com distribuição gratuita e domiciliar, com foco principal nos acontecimentos do bairro.

(Não lembro que ano foi. Fim os anos 70, possivelmente. Não havia nenhum brasileiro entre os indicados.)

Ismael era bom no que fazia. E, naquela ocasião, deu um gás danado para aprontar a reportagem do Oscar, foi atrás das fotos com as diversas assessorias e estava falante e orgulhoso com o produto final que nos apresentou.

“Vamos sair na frente de todos os jornais.”

Eu e o Escova trabalhávamos no ‘fechamento’ da edição e não estávamos tão animados. Os assuntos da semana não nos garantiam uma primeira página de impacto. A inauguração de um viaduto, um ou outro acidente de trânsito, uma entrevista com o presidente do Clube Atlético Ypiranga… Nada, como os amigos podem ver, de extraordinária relevância.

As fotos também não eram lá essas coisas

Estávamos nesse impasse quando Ismael tomou a iniciativa.

Espalhou sobre a mesa de edição as fotos dos artistas indicados ao Oscar, uma mais bonita que a outra, e sacramentou teatralmente, bem ao seu estilo:

“Eis a solução”.

Lembrei ao IF que a manchete era obrigatoriamente um assunto do bairro.

“Abre-se uma exceção” – insistiu.

O Escova veio em meu socorro. Balançou a cabeça em sentido de negativo – e, gaiato que só, pespegou numa lauda a suposta manchete do jornal naquela semana:

“O Ipiranga saúda os vencedores do Oscar”

Leu em voz alta – e todos rimos e nos divertimos com a inusitada situação.

Inclusive o Ismael, que fez uma boa chamada para usarmos numa das chamadas da primeira página.

Não lembro, por fim, qual a manchete que usamos naquele dia. Talvez a inauguração do viaduto.

Hoje, tenho certeza, não nos conteríamos em manchetar, orgulhosos:

O IPIRANGA SAÚDA OS INDICADOS BRASILEIROS AO OSCAR.

Saudades imensas do amigo Ismael Fernandes (1945/1997) e de todos os amigos da combativa Gazetinha.

Minha lembrança em forma de singela homenagem.

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