O Jornal Nacional esqueceu que havia jogo da seleção brasileira hoje pela manhã, na Austrália. Perdeu de 1 x 0 para a Argentina, quebrando a invencibilidade titeana de nove jogos.
“Esqueceu” não é o termo.
A Globo simplesmente ignorou o amistoso pura e simplesmente porque não obteve o direito de transmissão para os jogos que a seleção fará na Austrália – este e mais um, dia 13, contra o escrete local.
É mais ou menos assim que a banda toca no jornalismo da Globo e, por extensão, de outros tantos conglomerados de Comunicação.
– É certo isso, professor?
A pergunta dos estudantes de Jornalismo, em sala de aula, reverte em outra pergunta como resposta:
– Vocês acham que a Globo – e vale para outros telejornais também – não deu a notícia por que não era de interesse dos telespectadores ou para preservar eventuais interesses da empresa?
A turma reage com risos, apupos e comentários. Ao que parece, não esperavam outro comportamento da emissora. Desaprovam. Mesmo assim, um dos alunos reage à provocação:
– É a regra do jogo, professor. Também não tem santo na CBF. São as leis do mercado. Vai dar audiência para a concorrente?
O professor concorda. Em gênero, número e grau. Mas, deixa implícita a advertência:
– Toda vez que “o mercado” dita a regras do fazer jornalístico, a sociedade perde e o Jornalismo, então, desaparece… Vale para uma questão boba como um amistoso da seleção. Vale principalmente para assuntos de relevância e âmbito social.
Outro estudante propõe a discussão do que é imparcialidade em Jornalismo. Existe mesmo?
Respondo que existe. Anda em desuso, sei bem. Mas é assunto para uma próxima aula, e uma outra coluna.