Foto: Arquivo Pessoal
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Pois é…
Meus caros e preclaros.
O que lhes escrevo a seguir não é uma crítica.
É uma constatação.
Seguinte:
Salvo um ou outro generoso amigo, quase sempre quem repercute as bobagens que eu escrevo são os parças que vivem fora do Brasil.
Acreditam?
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Veja o caso do querido Nestor que mora em Brugges e não vejo há milênios.
A respeito do que ontem escrevi aqui no Blog (Tiros na Pensilvânia), o camarada me zapeou logo pela manhã para me confortar com longas considerações sobre a predestinação das coisas para, por fim, fazer a ponderação:
“Cuidemos de nós e dos nossos, amigo. eia um bom livro, passe mais tempo na Serra da Bocaina e não se apoquente co Trumps e similares. Na nossa idade, já fizemos o que tínhamos que fazer. Estamos mais para o cordeiro da fábula de Esopo… Confere?”
Respondi com um onomaitopaco “hãhã” e dei o assunto por encerrado.
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Larguei o celular e corri à biblioteca para saber:
Que caspita de fábula é essa?
Achei nos meus guardados uma versão adaptada pelo grande Carlos Heitor Cony (1926/2018).
Trata-se, pois, do inglório encontro do cordeiro com o lobo à beira de um riacho com desenlace previsível.
Quem se lembra?
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Eis o resumo:
Deu-se que um e outro ali se toparam.
E o lobo, faminto que estava, resolveu fazer do cordeiro a sua refeição.
Mesmo em desvantagem, a renitente vítima resolveu cobrar o motivo de tal destino.
“Não lhe fiz nada.”
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O lobo não se fez de rogado.
Disse que ele estava sujando a água que iria beber.
“Como assim?” – retrucou o cordeiro:
“Você está em cima, e eu embaixo. A água passa primeiro por você e só depois chega aonde estou. Se alguém suja a água, é você quem suja a minha”.
“Ok, ok, ok…” – disse o lobão.
“Acontece que, no ano passado, seu pai sujou a minha água”.
E, sem mais delongas, deglutiu o cordeiro.
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Sei que a história não é lá muito auspiciosa, mas é o que temos para hoje.
Melhor ouvirmos uma linda canção?
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O que você acha?