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O malandro-campainha e a posteridade

MALANDRO-CAMPAINHA – aquele que aperta a campainha de uma casa e sai correndo. Não ganha nada com isso. O objetivo é perturbar o eventual sossego de alguém, posto em descanso.

A expressão inspira-se em uma ingênua brincadeira dos moleques de rua dos anos 50 e 60 quando havia mais casas do que edifícios em São Paulo e a garotada se divertia com brincadeiras de infância como pega-pega, esconde-esconde, como-está-fica, bolinhas de gude, ana-mula, futebol com bola de meia na calçada e quetais.

A travessura consistia na seguinte ação: o grupo de garotos (para ter graça precisava estar em bando) saía pela rua a tocar a campainha das casas e correr para se esconder em algum canto seguro. De longe, a diversão era assistir às donas de casa ou eventuais moradores, apatetados, chegarem ao portão e não encontrar ninguém.

Enfim…

Era uma grande bobagem que nem sempre acabava bem. Os garotos da rua eram conhecidos de todos no pedaço e bastava uma reclamação aos pais para que oi castigo viesse ou em forma de palmadas ou de ‘cárcere privado’ – por alguns dias, você só via o dito-cujo na ida ou na volta da escola.

(…)

Apresso-me em publicar a definição do termo ‘malandro-campainha’ por umotivo simples. Ousei usá-lo em uma conversa com amigos mais jovens ontem e todos ficaram perplexos, sem saber exatamente o que eu estava a dizer.

– Eu, malandro-campainha, como assim? – disse-me o alvo da minha gozação.

Pensei em indicar algum dicionário.

Então recomendei que procurasse no Google.

Lá ele vai encontrar, como referência, apenas um texto que escrevi em 2009 e que trata do assunto.

Antes, porém – e como prometi à rapaziada –, achei oportuno fazer oficialmente o registro deste verbete para a posteridade.

Dito e feito.

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