Foi mesmo uma eleição histórica, a de 82.
Depois de tantos e tantos anos, o Estado de São Paulo voltava a escolher o governador pelo voto direto. Elegeria também senador, deputado federal, deputado estadual e vereador. Praticava-se então o chamado voto vinculado – em que o eleitor deveria optar por candidatos de um só partido ou de uma só coligação.
Por isso, dentro dos partidos, valia a praxe consagrada pelo grupo Tribalista. Ou seja, “eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também.”
Explico.
Concorrentes ao Senado, à Câmara Federal e à Assembléia Legislativa buscavam fechar aliança com vereadores de todos os rincões do Estado que trabalhavam os nomes dos supracitados em suas zonas eleitorais. Eram os edis que iam para o corpo a corpo no convencimento aos eleitores.
Claro que não fechavam tais parcerias pelos lindos olhos dos figurões.
Em troca do trabalho diuturno – que ia desde distribuição de ‘santinhos’ e brindes à promoção de encontros com entidades representativas de cada segmento social da região – os candidatos a vereador recebiam o que no jargão do meio chamávamos de “apoiamento”.
De um modo ou de outro, os carões arcavam com as despesas – inteiras ou parte delas – para a instalação de um comitê eleitoral, forneciam parte do material de campanha (óbvio que com seu nome em destaque) e ajudavam no que podiam o bom desempenho de toda a chapa na urna.
Via de regra, o candidato a deputado federal ‘casava’ com um nome que concorria a deputado estadual – e os dois amparavam-se em candidatos a vereador de diversos municípios que, por sua vez, faziam o trabalho de ‘formiguinha’ em seu reduto eleitoral.
Não raras vezes os aspirantes a deputados sequer conheciam onde se situava aquela região.
Os nomes dos candidatos ao Senado e ao Governo do Estado vinham de arrasto em todo esse trabalho.
* Amanhã vou lhes contar como o Nasci tirou proveito de tal situação.
** FOTO NO BLOG: Itália/arquivo pessoal