É comum ouvir reclamações de que os chamados candidatos nanicos são entraves à fluência dos debates presidenciais que se realizam à esta altura da corrida eleitoral.
Sem eles, há os que assim justificam, as discussões ficariam mais no âmbito das ideias e dos projetos de governo.
Os tais bagunçam o coreto – e, em termos de representatividade popular, pesam pouco, quase nada. Mal aparecem nas pesquisas de intenção de voto.
Será?
Há momentos que eu mesmo os considero folclóricos demais em seus pronunciamentos, repletos de pompas e circunstâncias. Têm mágicas soluções para todos os problemas do Brasil e, quiçá, do Planeta, do Cosmo.
Haja aerotrem para salvar a Humanidade do caos interplanetário.
Reconheço, no entanto, que esses candidatos fazem parte do jogo democrático e, enquanto estiver em vigor a atual legislação eleitoral, possuem pleno direito de estar ali – no palco do debate – presentes e, sempre que possível, bater nos candidatos que estão em melhor colocação nas pesquisas.
II.
O ponto alto do debate de ontem, promovido pela CNBB e com transmissão da TV Aparecida, foi a participação da candidata do Psol, Luciana Genro. Especialmente quando foi pra cima do candidato Aécio Neves, do PSDB, numa inesperada resposta sobre os projetos educacionais.
Luciana respondeu com brevidade que a Educação precisa de mais verba, sim. Mas, antes gostaria de fazer algumas considerações sobre a postura do candidato tucano.
Soltou o verbo:
“O Aécio falando do PT é o sujo falando do mal lavado. O PSDB foi o precursor do mensalão, com seu conterrâneo Eduardo Azeredo, lá em Minas Gerais.”
Ainda no embalo lembrou os escândalos das privatizações no governo de
Fernando Henrique Cardoso, também do PSDB, além da compra de votos dos deputados para que a emenda da reeleição fosse aprovada e posta em prática ainda nas eleições de 1998.
III.
Aécio acusou o golpe, na réplica, tentou desconsiderar a fala da gaúcha.
Falou que ela havia voltado ás origens e agora estava fazendo uma linha auxiliar do PT.
Na tréplica, Luciana foi mais contundente:
“Com todo o respeito, candidato, linha auxiliar do PT uma ova. O PT aprendeu com o senhor. O senhor não tem proposta para debater a corrupção. O senhor é tão fanático pela corrupção que constrói aeroporto com dinheiro público para beneficiar as terras próximas às fazendas da sua família e entregou a chave para o seu tio.”
IV.
O candidato do PSDB pediu direito de resposta.
Falou que ser candidato a Presidente é isso, ouvir impropérios e inverdades.
Mas, nada desmentiu – e o estrago já fora feito.