Quando o Muro de Berlim começou a ser construído, em 1961, os jornais demoraram três dias para anunciar ao mundo o tamanho do descalabro.
Vocês podem até não acreditar; mas, havia dois repórteres de TV, brasileiros, lá, documentando o fato histórico. Eram os desbravadores Tico-Tico e Carlos Spera, da TV Tupi.
A cena foi filmada com os dois dividindo o mesmo microfone e a película devidamente enrolada e enviada ao Brasil.
Três ou quatro dias depois, assistíamos à cena sem ter a consciência exata do que estava acontecendo e sua repercussão histórica.
Era, com dizem os analistas políticos, o ápice da Guerra Fria.
II.
Em 9 de novembro de 1989, ao ser derrubado na base de picaretas e celebrações, todos assistimos no mesmo momento à unificação das duas Alemanhas.
As novas tecnologias deram asas aos veículos de comunicação.
De algum modo, o chamado mundo civilizado saudou a união e os novos tempos que se anunciavam de paz e harmonia.
Também lá estávamos representados.
Entre outros, Sílio Bocannera e Pedro Bial eram os correspondentes da TV Globo e, em tempo real, deram a notícia.
Temo lhes dizer que aplaudimos a boa nova; mas, da mesma forma, não tínhamos a noção exata das crises separatistas que o Velho Continente viveria a partir de então.
III.
Parece um contrassenso.
Mas, a geopolítica européia viveu aos sobressaltos – e, não raras vezes, de forma violenta e desumana, novas/velhas fronteiras se estabeleceram às custas de muitas vidas.
Ainda ontem, por ocasião do vigésimo quinto aniversário da queda do muro, o Papa Francisco enfatizou, no pronunciamento dominical, que o mundo precisa de pontes, e não de muros.
Ao mesmo tempo, na Catalunha, realizava-se uma consulta popular pela independência daquela região do que consideram julgo espanhol.
Nossos repórteres estavam lá, registrando a mobilização, sem certeza alguma, pois até na abençoada Terra Brasilis já falamos em divisão.
