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O novo boleiro brazuca

Vamos ao que se pode.

Continuo hoje a série “Futebol de quinta…” que ontem aqui iniciei e que se propõe a fazer algumas divagações sobre o atual estágio do futebol brasileiro.

Desconfio que, de tanto assistir a programas esportivos, fiquei motivado a escrever sobre o tema. Em meio a um turbilhão de falas e hipóteses, tento por a cabeça em ordem por meio dessas maltraçadas.

Escrevi ontem que, na origem de tudo, está o fim do futebol arte que, a bem da verdade, é (ou era) a base da “escola” nativa, sempre a privilegiar o craque e sua genialidade.

Hoje prometi, então, lhes falar do novo boleiro. Aquele que aparece nas ‘escolinhas’ e/ou nos torneios de futsal desde a mais tenra idade.

Permitam-me, pois…

II.

O menino brazuca não sonha mais em ser um craque de bola.

Sonha, sim, em ser uma celebridade mundial a partir do que realizar em campo. É igual, mas diferente.

Quer cena mais emblemática do que a que vimos no último jogo do Brasil, na Copa América? Na tribuna, Neymar estava ladeado de JUsrin Bieber e Lewis Hamilton.

III.

Pois então… O garoto não se imagina mais como um ídolo do Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Flamengo e outros tantos ‘gigantes’ dos nossos gramados.

Desde cedo, ele pensa em jogar no Barça, no Madrid, no Bayer, no PSG (que é charmosão) ou em um grande clube inglês.

Até os clubes italianos agora estão em segundo plano. Pode ser um rito de passagem para essas equipes de ponta. Mas, segundo ouço da garotada, mesmo com os encantos de Roma e/ou Milão, a Itália não é o alvo.

IV.

Antes que o incauto leitor me condene pelo rigor com que trato o legítimo sonho alheio, explico logo: o menino não tem tanta culpa de assim pensar. Assim que demonstra um naco de habilidade no trato da pelota, arma-se um circo ao redor dele e, tenha ele dez, doze, quinze anos, já se criam mil e uma expectativas quanto ao futuro.

Familiares, empresários, grupos de investidores, dirigentes de clubes, secretários pessoais, assessores para assuntos aleatórios – todos enfim querem tirar proveito da ‘mina de ouro’ recém-descoberta.

Envolvido por tantos e tamanhos interesses, o garoto sucumbe e passa acreditar que é o tal e, como diz um célebre filósofo contemporâneo, o futebol pune.

V.

Talvez seja por isso que muitas ‘promessas’ fiquem pelo caminho e não se consolidem como craques capazes de, em campo, assumir todos os riscos e todas as responsabilidades.

Perdemos uma geração de boleiros promissores que sonharam alto – e não chegaram lá. Tiveram lá um brilhareco, mas o sucesso foi tão localizado em determinado tempo e espaço que a sensação que temos, como torcedores, é que deixaram a desejar.

Cito os casos de Denílson, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Adriano, entre outros de uma geração que se perdeu sem o protagonismo que se esperava dela.

VI.

Sei, sei… Denílson, Kaká, Gaúcho foram campeões mundiais em 2002, na Família Felipão. Mas, apareceram como coadjuvantes ao lado dos decisivos Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos. Quando precisaram, nos mundiais seguintes, pegar o peão na unha, aí fizeram água.

A geração atual talvez seja a mais perfeita descrição dessas expectativas exageradas que não resistiu aos confrontos de 2014 e hoje se mostra sem forças para se redimir.

Sei que o assunto não se esgota nessas parcas linhas, mas é um ponto de partida para outras tantas reflexões…

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