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O novo Congresso e o Escova

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Foto: Marcelo Camargo

Sou um homem simples, nascido e criado no bairro operário do Cambuci, ali pertinho do Centro de São Paulo. Garoto ainda, entre os amigos italianos do pai, nas rodas de Patrão e Sotto, do bar Astória, na rua Lavapés, aprendi o básico da vida:

“O que é é – e ponto. O que não é nunca será.”

Isto posto, passamos ao noticiário do dia:

O novo Congresso toma posse hoje e escolhe os novos presidentes das duas casas, a Câmara e o Senado. Maia e Renan são os nomes favoritos.

Ah, bom. Então, tá…

O que esperar deste Legislativo que se apresenta, com pompas e circunstâncias, em Brasília?

Sinceramente?

(Se isto não fosse um texto, mas um vídeo, e os meus caros cinco ou seis leitores não fossem leitores e, sim, espectadores, todos veriam o meu triste olhar 43, de indiferença e desalento.)

Falam em alto índice de renovação (que beira os 50 por cento), com Janaínas, Frotas e “o meu garoto”, aquele dos 48 depósitos picadinhos, como senador.

Saberão nos representar.

Ou não?

Não tenho qualquer expectativa, amigos.

Estes por aqueles, se bem entendo o risque e rabisque da vida, teremos mais dos mesmos.

Não querendo prejulgar, mas já prejulgando, há um amplo domínio das chamadas forças conservadoras que, a bem dos próprios interesses, apostam no retrocesso e no entreguismo.

Permitam-me agora lembrar outra das tantas histórias da velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.

Não tem nada a ver com as questões políticas, mas, sei lá por qual motivo, acho que faz sentido contá-la aqui.

Talvez os amigos vejam algumas parecenças, mas nada proposital, juro.

Seguinte:

Semana sim e outra também, o Escova, conhecido à época como Dom Juan das Quebradas do Sacomã, aparecia na redação dizendo-se em love-love-love, cego de paixão. Dizia ter encontrado “a mulher da sua vida”.

Relevávamos, porque ele, além de bom repórter, era nosso parça – e conhecíamos o figuraça.

Aguardávamos, porém, o quarto, quinto dia do inebriante sentimento para constatar o inevitável desenlace do romance. Que vinha, no plural, com a descarada desculpa do Escova:

– Erramos de novo, amigos.

Otimista e troncho, também envolvendo a todos, o parvo preconizava:

– Quem sabe na próxima, a gente acerta.

 

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