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O País do contra-senso

Apesar de todos os pesares (e alguns reveladores grampos telefônicos) parece que o Brasil de FHC entrou firmemente na era das privatizações. Tanto que o presidente do Partido da Frente Liberal, Jorge Bornhausen, entende como saída única para crise "um desmonte radical do Estado", que incluisse a venda da Petrobrás e do Banco do Brasil. Segundo ele, seria "a melhor forma de enfrentar a encruzilhada do déficit fiscal". As declarações, que vazaram para a Imprensa, foram feitas na noite de quarta-feira durante jantar com integrantes do PFL, partido de sustentação do Governo e que tem como seu principal prócer o senador Antônio Carlos Magalhães, presidente do Congresso e, dizem, mentor operacional de FHC. Manobras, estratégias e afins com ele mesmo.

Quer dizer, em palavras mais diretas, que o Brasil vai a leilão, com ou sem a tutela do ex-ministro Mendonça de Barros. Este — a privatização — é o principal mote para livrar o País de todos os males em 99. Olhe o contra-senso. Enquanto o Governo assume ares de modernidade (e fala inclusive na criação de um Ministério da Produção) não abre mão de expedientes retrógrados como o aumento à exaustão de taxações e impostos. Por esta — e outras mais — fica cada vez mais difícil entender o País sintonizado com o futuro e a almejada justiça social.

Veja o caso das montadoras que anunciam aumento nos preços de veículos para janeiro, embora todas tenham os pátios abarrotados pois as vendas estão lá embaixo. As montadoras — não que sejam isentas de todos os pecados — só vão repassar ao consumidor (que anda cada dia mais arredio) o aumento da carga tributária que o Governo quer abocanhar a partir do primeiro dia do primeiro mês do próximo ano. Ou seja, essa dinheirama que sai (imaginemos) do nosso bolso não é para pagar melhores salários, nem para gerar mais empregos, menos ainda para movimentar a Economia e melhorar para todo mundo.

O aumento anunciado vai para o buraco-negro das contas do Governo. Aliás, não é por outro motivo que o preço médio de um automóvel no México é 40 por cento menor que no Brasil. Não há Ministério da Produção que sobreviva a esse contra-senso. Nem privatização que aguente. Menos ainda sociedade que não se arrebente. O Governo precisa dar um jeito nas próprias contas senão nós que afundamos… Na contramão das privatizações, nossas autoridades poderiam pensar em estatizar e a melhorar a qualidade da Educação e da Saúde públicas, essas, sim, fundamentos vitais à construção de qualquer Nação que se pretenda contemporânea.

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