Foto: Arquivo Pessoal
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Perto de onde moro tem um parque municipal.
Não é assim um Ibirapuera, mas dá para o gasto.
Pequeno, e acolhedor.
A nos dar respiro em meio ao cinza da cidade.
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Um bom número de pessoas passa por lá diariamente para se exercitar, caminhar entre árvores e plantas diversas. Há até um riacho e cachoeira artificiais que, aos menos exigentes, completam o cenário de resgate do meio-ambiente.
Vez ou outra, dou uns perdidos por lá.
Mas, urbanoide que sou, prefiro mesmo fazer meus bordejos na pista que trespassa a avenida a partir da esquina da rua de casa.
Enfim…
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Na manhã ensolarada a prenunciar a cálida e bem-vinda primavera prestes a chegar, cismo de fazer um passeio pelo parque.
Gosto de me sentir a tal metamorfose ambulante que Raulzito cantou.
Vou no meu passinho, mas vou que vou.
Em 10 minutos chego ao meu destino – e, decepção, encontro o dito parque fechado “para reformas gerais e necessárias”.
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Olaiá…
Pode isso?
Pode… Até pode.
– Deve reabri nos próximos dias com discurso do prefeito, vereador e tudo mais – me informa o segurança,
Entendo.
Porém, pondero comigo mesmo: não há nada mais triste que um cadeado nos portões a trancafiar uma área de lazer e descanso.
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Fico algo aborrecido – e subitamente tristonho.
Explico.
A cena me remete aos tempos mais agudos da pandemia.
Lembram?
As ruas ficaram vazias, vazias.
Os parques fecharam.
Nós todos sumimos de nós mesmos.
A ameaça estava à espreita. Desconhecida, invisível, descontrolada. Trágica.
Foram dias áridos, difíceis. Quando até a esperança nos faltava.
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Sigo caminhando pela avenida, como tanto gosto. Dou uma passadinha no shopping para um café básico e fundamental. Olho embevecido o movimento das pessoas, as vitrines iluminadas, coloridas. Bom ver que o novo e o velho normal hoje subsistem, digamos que quase harmonicamente.
Logo me dou conta que breve, breve, estaremos de cara para o fim do ano.
O tempo é um senhor implacável nos seus desígnios.
Melhor dar um chega pra lá nos pensamentos tristes.
O cotidiano tem verdades incontestes – e reveladoras.
A vida, meus caros, é mesmo um milagre inexorável, e instantâneo.
Aproveitemos!
Como disse o grande Belchior, viver é melhor que sonhar.
Alguém duvida?
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O que você acha?