João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
O poema “Quadrilha” de Carlos Drummond de Andrade é de 1930, e foi publicado no livro “De Alguma Poesia”. Fui conhecê-lo em fins dos anos 60 quando fiz o cursinho para a universidade.
Eu roçava meus 20 anos – e, como só e acontecer, caí de paixão pela professora de Literatura. Não lembro o nome da moça. Lembro que para impressioná-la devorava as apostilas e os livros que recomendava. Machado, Alencar, Lima Barreto, Sabino, Drummond, Oswald, os clássicos de que dispunha a Biblioteca Municipal do Ipiranga.
Houve um simulado, com 100 questões de Língua Portuguesa. Acertei 93 e fui considerado um geniosinho das nossas Letras.
Ledo engano.
Eu só queria ficar bem aos olhos da moça…
(…)
Óbvio que não tornei pública a minha paixão.
Se bem me recordo, como forma de parabéns, ganhei um sorriso e um aperto de mão da musa. Os demais professores foram mais pródigos nos cumprimentos. Abraços e ardidos tapinhas nas costas.
Mal sabiam, das minhas verdadeiras intenções…
Olaiá…
(…)
Por que lhes conto essa história neste 4 de dezembro?
Um doce pra quem acertar…
É meu aniversário, amigos.
E não sei qual o motivo, entre um e outro parabéns, vem a pergunta de como comecei nessa vida de juntar letrinha, uma atrás da outra. A sina de viver para escrever ou escrever para viver….
Como resposta, já repeti esse breve enredo de aproximação com as Letras por três ou quatro vezes.
Não quis deixar vocês – amáveis cinco ou seis leitores – de fora desta conversa. Espero que me compreendam…
(…)
E o que tem a ver o poema de Drummond com tudo isso?
É que, mesmo sem ter me casado com a Lili e mesmo depois de tantos anos, toda vez que batuco as teclas do computador, fico com a sensação de que entrei agora nessa história…
O que você acha?