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O que a noite esconde…

O negrume da noite esconde as montanhas que, sei, estão logo ali, aonde as vi hoje pela manhã. As luzes esparsas das ruas do pequeno lugarejo ao longe são meus únicos referenciais. Consigo divisá-las por entre copas de árvores e outras claridades esparsas, que desconheço a origem.

Não é daquelas noites de escuridão retinta. Uma ou outra esmaecida estrela no céu . Procuro em vão a lua e o tal luar do sertão que meu avô Carlito tanto gostava de cantar. Consolo-me com a possibilidade de que apareçam amanhã, quando ainda estarei por aqui.

Uma pequena pousada no interior de São Paulo, quase na divisa, entre Rio e Minas. Foi para cá que o feriado me trouxe. Não tão longe, pois ainda me permito saber das notícias aí de Sampa. Não tão perto, pois me sugere a paz , dificil de encontrar na metrópole, mesmo em fins de semana prolongados.

Vejo na TV que os shoppings esperam 5 milhões de paulistanos neste fim-de-semana.

Deixei o Jornal Nacional na escalada de manchetes – e agora estou na varanda a contemplar o nada.

O negrume da noite…

II.

Na verdade, olho para dentro de mim mesmo. Tento organizar o que me espera esses últimos meses do ano. Os tais compromissos inadiáveis, as decisões a serem tomadas, os projetos para o futuro.

Uma leve brisa a roçar a pele traz uma agradável sensação de distanciamento de tudo e de todos. Como conseqüência sugere que deixamos esses pensamentos para depois. Se possível, só na segunda.

De minha parte, não há resistência.

Apuro o olhar, tento ver o contorno da torre da igrejinha distante. Mas, é teimosia pura. Um álibi para levar meus pensamentos para novos horizontes.

O negrume da noite…

III.

Em algum lugar do passado, andei por essas montanhas entre a serra da Mantiqueira e a do Mar. Meus alunos de Jornalismo já enjoaram de me ouvir falar da expedição pela Trilha do Ouro que cobri para o Jornal da Tarde. Se alguém estiver interessado, a íntegra está neste site, no ícone Reportagem. Outra vez, fiz a travessia a bordo de um jeep, lançado por uma montadora japonesa – não consigo lembrar o nome – que cortou monte, vales e riachos. Era matéria para um suplemento de Veículos – e seguramente me diverti mais do que bem informei aos amáveis leitores.

Há uma extraordinária diferença entre aquelas incursões e a de hoje.

Não saberia lhes dizer se o céu estava mais ou menos carrancudo, com mais ou menos estrelas.

Simplesmente não o consultei – que pena.

Estava de passagem e trazia ora o interesse profissional, ora uma leveza d’alma que se perdeu.

Talvez seja isto que hoje pergunte ao negrume da noite…

IV.

Está esfriando por aqui. A brisa virou aragem. Acho mais conveniente entrar para o aconchego do chalé. Antes, porém, deixo a ressalva:

Pergunto por perguntar. Sei bem de onde achar a resposta…

Deixemos, pois, o negrume da noite a esconder as montanhas, as estrelas, o luar, a pequena Barreiros, a torre da igreja e mais este meu bobo segredo …

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