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O Rebu

Convido aos meus amáveis cinco ou seis leitores a acompanhar – se é que já não o fazem – os capítulos de O Rebu, a novela da faixa, digamos, adulta da Globo, às 23 horas, pouco mais, pouco menos. É um belo trabalho de teledramaturgia. Ouso dizer que supera, em expectativa e realização, as produções anteriores. As releituras de O Astro, Gabriela e Saramandaia ficaram bem aquém das versões originais.

Colaboram para a excelência de O Rebu a direção segura e consistente de José Luiz Villamarim, o naipe de atores (encabeçado por Tony Ramos, Patrícia Pilar e Cássia Kiss Magro e, sobretudo, o entrecho da trama, inspirada e adaptada do original de Bráulio Pedroso, levada ao ar em meados dos anos setenta.

Já para a época (74/75), O Rebu impactou pela proposta inovadora. Toda a narrativa se desenvolve a partir de uma só noite quando, durante uma festa de bacanas, um homem é encontrado morto a boiar na piscina. É ponta de partida para uma espiral de interesses, vaidades e dramas pessoais que faz com que todos os personagens sejam possíveis suspeitos do provável assassinato.

Considero bastante oportuna a lembrança de Bráulio (1931/1990), pois sinto que, no imaginário panteão dos autores de novela, nem sempre esse paulistano, vencedor do Premio Moliére de teatro com a peça O Fardão, ocupa o lugar que lhe cabe. De extraordinária relevância.

Para tanto – e movido pela saudade – cito o amigo Ismael Fernandes (1945/1997), autor da obra única no gênero Memória da Telenovela Brasileira que descrevia Bráulio Pedroso como um divisor de águas na história do gênero no Brasil. O marco é a novela Beto Rockfeller (com Luiz Gustavo, na TV Tupi, em 68) que deu novos rumos às tramas nativas. Apostou no bom-humor, no anti-herói como protagonista e, sobretudo, na ambivalência de personagens tipicamente paulistanos.

Livrou-nos assim da influência dos dramalhões mexicanos.

Em trilha igualmente criativa, O Rebu trouxe a discussão dos jogos do poder (em um período de ostensivo rigor da censura), além de introduzir o clima de “quem matou?” presentes à exaustão nas novelas atuais.

Vale conferir!!!