A primeira vez que estive em Paris foi em 1986 – lá se vão quase 30 anos. Além do encantamento natural pela Cidade Luz, o que mais me chamou atenção por ali fol a mistureba de gente de todo o mundo que por ali vivia e se integrava à vida local.
A convivência era tranquila, apesar de que os franceses não gostavam nada nada dessa interação social. No entanto, tocavam suas vidas e aceitavam a situação até como um traço genuino da cultura francesa – liberdade, igualdade e fraternidade – e da própria Paris, sempre de portas abertas ao sonho (utopia?) de uma humanidade mais justa e solidária.
Quem sou eu – um modesto escrevinhador das coisas sem importância do cotidiano – para acrescentar algo ao tanto que já se disse e escreveu sobre a trágica noite de sexta, dia 13? No entanto, salta-me aos olhos e ao coração a indignação de que os atentados – além de dizimar a vida de centenas de pessoas e instaurar o terror mais ignóbil – pois atinge aos cidadãos indiscriminadamente, sem qualquer razão ou causa -, os atentados almejaram principalmente espalhar a desesperança e o desalento em todos nós – estejamos onde estivermos – e por fim a essa utopia (sonho?), de um mundo mais justo e solidário.
Sei, sei que os meus amáveis cinco ou seis leitores, atentos que são, não se frustarão em me indagar que, há muito, vivemos uma onda de retrocesso e intolerância exacerbados – e que verdadeiramente apontam para o caminho inverso à proposta de dias mais promissores. Aí estão as questões ambientais, os ditames econômicos e sociais a marginalizar levas e levas de milhões de desvalidos, o desmoronamento de diversas nações em todos os continentes, a onda de corrupção, a intolerância grassando solta… – enfim, essas coisas todas que os noticiários não se cansam de registrar diariamente.
Eu os entendo, caríssimos, perfeitamente – e também lamento essa falta de harmonia, de valores humanitários e tudo o mais que está acontecendo…
Antes de terminar, porém, quero só fazer a ressalva: não será com eclosão de um novo conflito mundial (será que não estamos em meio a este?) que acharemos o caminho da paz.
Temo que perdemos o passo, o momento e o prumo no correr da História…