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O tal de espírito olímpico…

Tinha precisos 12 anos na abertura dos Jogos Pan-americanos de São Paulo, em 1963.

Eu e outros tantos garotos remediados do Cambuci juntamos uns trocados – fizemos carretos para as senhoras na feira da rua Mazzini, vendemos cobre, papelão e jornais velhos no ferro-velho, entre outros serviços – para bancar a condução e chegarmos ao Pacaembu. Naquela tarde de sábado, haveria o solene desfile de abertura.

Chegamos cedo – e com a entrada de todos os setores franqueados ao público – pudemos ocupar um lugar na ‘numerada’, onde jamais havíamos colocado os nossos pés.

E olhe que Íamos com freqüência ao estádio da Municipalidade.

Assistíamos a quase todos as partidas.

Jogasse quem jogasse.

Eram outros tempos. Não havia esse abominável sectarismo de torcidas que hoje há. Íamos juntos, palmeirenses, corintianos e sãopaulinos (não havia santistas entre nós), para nos divertir e ver os craques em ação.

E eram tantos e tamanhos que nem vale a pena aqui relacioná-los.

(Quem quiser que procure no Google as escalações dessas equipes nos anos 60, inclua aí a “asa-negra” dos grandes, a Portuguesa de Desportos).

Sempre ficávamos ali pela geral, junto ao alambrado ou mesmo na Concha Acústica (espaço hoje ocupado pelo medonho Tobogã).

Importante dizer que garotos até 12 anos entravam de graça.

Daí, a nossa garantida diversão.

(…)

Bem, voltemos à abertura dos Jogos…

Confesso que estávamos empolgados.

Diria mais: estávamos deslumbrados com o chiquê de ocuparmos as cadeiras daquele espaço nobre.

O campo ficava ainda mais bonito. Aparentemente mais próximo.

Logo imaginamos e passamos a comentar como seria legal ver Pelé, Coutinho, Rafael Chiarelli, Roberto Dias, Chinezinho, Djalma Santos, Evair, entre outros, fazendo das suas tão próximos aos nossos olhos.

Estávamos assim entusiasmados quando começou oficialmente a solenidade. E veio o palavrório das autoridades, e veio os hinos, e o desfile das delegações e, sinceramente, achamos aquilo tudo uma grande chatice.

E lamentamos ficarmos longe do Pacaembu e do futebol pelos próximos quinze dias que viriam.

(…)

O Barão de Coubertin (que hoje ilustra nossa coluna), que nos perdoe!

À minha turma, e a mim.

Foi o mais perto que cheguei do tal espírito olímpico.

(…)

Ainda hoje, tanto tempo depois, ainda sou mais meu futebolzinho caseiro, mesmo com todos os arremedos de craques que hoje existem…

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