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O texto esquecido

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Foto: Arquivo Pessoal

Coisas que acontecem neste meu cotidiano blogar – e que, sinceramente, custo acreditar.

Um texto antigo – escrevi em junho de 2007 – que me surpreendeu ao ler na manhã dessa segunda.

Fiz uma busca no Google em busca de outro assunto – e eis que a pensata me tomou a tela do celular.

Demorei para reconhecer em mim o autor daquele quase-soneto.

Lembrei apenas que o escrevi num bloquinho de anotações enquanto ouvia, no fone de ouvido, o “Samba da Benção”, de Vinicius e Baden Power, num voo Brasília-São Paulo.

Tem um tom de desabafo

Devia estar zoado com alguma coisa – nem sempre estamos a mil por hora -, mas, como hoje, creio, proclamava a certeza insofismável de que “é melhor ser alegre que ser triste”.

DA TRISTEZA QUE BALANÇA…

Da tristeza que balança emanam

todos os sons

todos os silêncios

todos os sonhos

todos os pesadelos

todas as letras

todas as palavras

todos os textos

todos os mantras

todas as artes –

especialmente, a poesias e as canções

Todas, todas.

Da tristeza que balança nascem

todas alegrias
(sempre nos escapa alguma)

todas as certezas

todos os equívocos

e o maior dos enganos

Onde foi que eu errei?

Da tristeza que balança surgem

verdades mentirosas

mentiras verdadeiras

imaginação/realidade

invenções

saudades.

Da tristeza que balança estalam estilhaços

de emoções

do tédio – que remédio!

dos deleites

das aflições

as sensações

os sentimentos.

Amor, inclusive.

Ódio, por quase um segundo.

Da tristeza que balança nos chegam

a aspereza do não

e o sim que ficou assim assim

Daí…

toda a solidão

o desencanto todo

todas as idas

todas as voltas

todo o tempo que se perdeu.

Da tristeza que balança recendem

o óbvio e o ululante

a luz do sol, o luar

o brilho das estrelas

a tela do computador

na sala escura.

A ausência.

Da tristeza que balança vergam

sombras a enfeixar as cores

desejos que se apagam

lenta e doidamente

nos desvãos do tempo.

Da tristeza que balança

todas as cenas

todas as lembranças

e o que chamam vida.

(Que vida?)

Todas as lágrimas

da espera da esperança

do desespero de não mais esperar

até lá sabe Deus quando.

Até a tristeza não ser mais triste não.

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