"O teste da democracia é a liberdade da crítica" (Ben Gurion)
01. O vice-governador Geraldo Alckmin realizou na manhã de ontem encontro com editores de jornais de bairro de toda São Paulo. Alckmin é pré-candidato do PSDB à prefeitura paulistana nas eleições de outubro deste ano e a descontraída reunião serviu para oficializar, junto às comunidades, o anúncio oficial da Casa São Paulo que vai funcionar na rua Curitiba 391, no Ibirapuera.
02. E o que vem a ser a Casa São Paulo? Obviamente não descartamos que será uma estrutura de apoio ao candidato Alckmin — isto em uma das instâncias. Em outra, será o canal competente que vai centralizar um amplo esquema de mobilização para ouvir lideranças de classes, de comunidades e de bairros. Ouvirá também profissionais liberais, trabalhadores e empresários. O objetivo é levantar os problemas da Cidade e sugestões para resolvê-los. Haverá seminários sobre temas como emprego, segurança pública, habitação, transporte coletivo, saúde e educação. Também haverá reuniões nos bairros para tratar de assuntos específicos de cada região.
03. É notório, como já dissemos, o componente eleitoral de todo esse processo. Mas, é visível também a grande margem de acerto que encerra a experiência, especialmente se forem ouvidos todos os segmentos sociais. Mas, no nosso entender (e o porquê da matéria ocupar este espaço) é a percepção de Alckmin sobre o papel que os jornais de bairro desempenham (de extrema importância) para a melhoria de qualidade de vida de uma cidade tão complexa quanto São Paulo.
04. Para o vice-governador (que ocupou o Governo do Estado de julho a novembro de 98), os jornais de bairro são verdadeiras instituições paulistanas. Incentivam a cultura local, valorizam a história, preservam a singularidade de cada região e sua gente. Os jornais de bairro atuam como porta-vozes dos legítimos interesses sociais, são organizadores da sociedade e pólos irradiadores do espírito comunitário e de cidadania. No mundo globalizado, explica Alckmin,
muitas vezes, em segundos, temos notícias da Tchetchênia, mas sequer sabemos o que acontece com o nosso vizinho, na nossa rua — o que chega a ser um absurdo. Pois, a nossa comunidade é lugar onde vivemos, onde podemos atuar no sentido de melhorar a qualidade de vida geral.
05. Alckmin revelou-se entusiasmado com a possibilidade de realizar um trabalho conjunto da Prefeitura, Governo do Estado e da União, mais as entidades representativas de moradores, trabalhadores e empresários. Só assim será possível fazer São Paulo renascer como uma cidade mais justa e mais humana. Neste contexto, concluiu o vice-governador, os jornais de bairro são indispensáveis, pois sempre lutaram em prol do povo.
06. Para nós, de Gazeta do Ipiranga, com 41 anos de trabalhos realizados junto ao bairro, é sempre recompensador ouvir o reconhecimento público de alguém que ocupa um cargo tão importante junto ao Governo do Estado e com aspirações a prefeito da maior cidade do hemisfério sul. Assim, como Alckimin, estivemos presentes na luta pela redemocratização do País, a partir da extraordinária campanha pelas Diretas-Já. Por isso, como democrata que é, esse médico do Vale do Paraíba, de 47 anos, que almeja ser prefeito de São Paulo, há de nos entender quando dizemos: melhor do que qualquer reconhecimento é ver as boas intenções e bons propósitos transformados em ação, em realidade que contemple o maior número de pessoas.
07. Boa sorte, Alckmin — e conte com a nossa crítica…