Tenho como desafio de hoje na Oficina de Leitura falar de Rubem Braga.
Olhem a responsabilidade!
II.
Já escrevi, certa vez, repito agora:
O Velho Braga é referência máxima como cronista, jornalista e escritor.
Não é fácil escrever sobre alguém a quem admiramos.
Resumo do resumo da ópera:
Braga é capixaba de Cachoeiro do Itapemirim – pacata e ilustre cidade onde também nasceu Roberto Carlos.
Viveu boa parte de seus 77 anos no Rio de Janeiro. 62 de profissão. Aproximadamente 15 mil textos publicados em jornais e revistas. Repórter, correspondente de guerra, representante do Brasil em embaixadas, sempre e sempre cronista. Principalmente cronista, o dom mágico de “viver em voz alta”, como ele próprio escreveu tantas e tantas vezes.
III.
Há quem veja em Braga, como o professor Jorge de Sá em seu livro “A Crônica”, o mais emblemático narrador-repórter da nossa Literatura (pois, transcendem ao jornalismo) ao registrar o circunstancial da existência humana:
“Seja pela sintaxe, seja pela variedade de poéticas (é descendente direto do poeta Manuel Bandeira em linhas corridas) ou principalmente pela dessacralização dos temas sagrados e consagrados.”
Em Braga, diz o professor, “a Literatura conseguiu encontrar-se com sua inimiga tradicional: a vida mundana”.
O professor Jorge de Sá, na mesma obra, define assim o cronista:
“Rubem Braga, o espião da vida”.
Nele, a verdade da crônica é o instante.
IV.
Escolhi três crônicas para a amostragem da obra do Velho Braga:
– Os jornais
– Homem no Mar
– Os amantes
São aperitivos para quem se identificar com o jeitão de tocar o texto e retratar a vida do jornalista que, interessante, só escreveu e sempre escreveu para jornais e revistas – e, desses textos, nasceram as dezenas de livros que publicou.
V.
Para quem vive a sociedade do aqui agora, do imediatismo, dos sentimentos líquidos e da informação em tempo real, talvez seja mesmo um grande mistério transformar a produção do dia a dia em algo perene.
Uma prova disso: em 2013, reverenciou-se o centenário de Rubem Braga. Entre as homenagens, além de uma exposição interativa chamada “O Fazendeiro do Ar” que percorreu o Brasil, foi lançado um novo livro com textos inéditos: ‘Retratos Parisienses’, que reúne os encontros do brasileiro com alguma das grandes personalidades do mundo cultural parisiense, entre 1949 e 1951.
Além do que, foram relançados alguns títulos.
A saber:
– ‘200 Crônicas Escolhidas’ (edição comemorativa)
-‘O Lavrador de Ipanema’
-‘O Menino e o Tuim’
– ‘Na Cobertura de Rubem Braga’, biografia de José Castelo sobre o jornalista.
VI.
O Velho Braga mereceu (e merece) todos essas honras – e muito mais.