Oncotô?
Proncovô?
Vou dar uma chance para os meus cinco ou seis leitores descobrirem, até o próximo parágrafo, aonde estou e para onde que vou…
Perceberam o dialeto?
Não.
Então, vou dar outra dica. Prestem atenção, sô. Porque vou dizer rapidim. Aqui, não é perto, nem longe. Não é muito, nem é pouco. E tá bom demais…
Descobriram?
Então, vou deixar de conversa mole, uai, e dizer que estou em Minas Gerais.
Para ser mais preciso, escrevo essas linhas de Codisburgo, sertão mineiro, pacata cidade ao pé da serra, com pouco mais de 4 mil habitantes – o mais ilustre deles foi o escritor João Guimarães Rosa.
II.
Como vim parar aqui?
Não me perguntem porque não vou saber responder. Acho que sem perceber adotei um jeitinho mineiro e fui indo, indo e acabei aqui. Na verdade, saí de São Paulo no sábado à noite com destino a Belo Horizonte. Trouxe um certo cansaço tipicamente paulistano e a idéia de realizar um velho projeto: conhecer as cidades históricas para onde devo seguir nos próximos dias.
Era uma vontade sempre adiada, mas que a crise nos aeroportos cuidou de tornar realidade. Por isso, eu disse lá em cima que não era perto, nem era longe. Não era muito, nem era pouco. Oito horas de ônibus, madrugada a dentro. “Tá de bom tamanho”, como dizem por aqui.
III.
Um tiquinho de prosa aqui, outro bocadinho ali. Pãozinho de queijo pra cá, um torresminho pra lá e acabei aqui nesta tarde sol do inverno mineiro que mais parece verão.
Hoje, pela manhã, fiz minha estréia como visitador de grutas. Gostei do que vi e de entrar nos cafundós da terra. Fui a gruta do Rei do Mato em Três Lagoas e acabo de voltar de um passeio nas grutas do Maquiné, aqui em Codisburgo, que significa Cidade do Coração.
Sei bem agora. Era para cá mesmo que eu gostaria e precisava vir. Vocês que me acompanham sabem que – tal e qual o samba do carioca Paulinho da Viola – meu coração tem mania de amor.
IV.
Então, já perceberam, né?
De quando em quando, preciso mesmo de uma fuga. Para deixar os contratempos de lado e por os sentimentos em dia…
“Amor não é fácil de achar.
A marca dos meus desenganos ficou, ficou…
Só outro amor pode apagar…”
Bom, vocês já notaram que estou bem, né. Um naco de saudades dos que aí ficaram dá uma temperadinha boa para minhas andanças. Um sinal de que estou feliz é quando me ponho a lembrar velhas canções. Daí, a constatação purinha, como essas cachaças que se toma por aqui. Mas, só uns golinhos que se anda batante muito também.
Convenhamos, com o ‘pé redondo’ (outra expressão que cavei aqui) não se vai a lugar algum…
V.
Lembram da história famosa dos matutos mineiros?
— Ei amigo, falta muito para chegar em Ouro Preto?
— É logo ali…
E nesse logo ali anda-se quilômetros e quilômetros…
De qualquer forma, é viver e aprender. Viver e respirar um pouco dessa paz dos e entender essa bela história que é de Minas e de todos nós, brasileiros.
VI.
Fico por aqui mais essa semana. Ainda não tenho um roteiro certo. Mas, prometo me divertir. Volto a postar na segunda-feira. Vou dar um descanso para vocês e reunir um punhadinho de causos daqueles ‘bons demais, sô’ para lhes contar…
Fiquem com Deus. Pois, acreditem, estou me sentindo com Ele…