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Os amigos

Eu, o Poeta e o Escova somos remanescente da turma de mequetrefes e falidos que se reunia, dia sim e outro também, naquele Sujinho malfalado e malfalante da esquina da rua Bom Pastor com a rua Greenfeld, onde o busão Fábrica- Pinheiro bufafa e gemia para fazer a curva e seguir adiante.

O Sujinho desapareceu para que, no lugar, se erguesse a portentosa Estação Sacomã, do Metrô. Simultaneamente desapareciam, nos escombros da vida e dos amores, os melhores dias. Alguns chegados partiram ‘antes do combinado’. Outros tantos, braço dado com a desilusão, ganharam o mundo, perderam-se por aí, viraram avós – enfim, não deram mais a cara.

II.

Os patetas supracitados ainda insistem em se reunir, de quando em quando, em um boteco qualquer nas imediações, Só para fazer de conta que ainda somos, fazemos e acontecemos. Lembramos os amigos ausentes, os causos que tumultuaram aqueles dias (e divertiram também) e tergiversamos sobre as coisas e o mundo.

No mínimo, diz o Poeta, eu tenho assunto para um novo livro – uma clara alusão ao meu livro de 2010, Meus Caros Amigos – Crônicas Sobre Jornalistas, Boêmios e Paixões.

III.

É uma alfinetada, sei bem.

Cometi um pecado mortal ao compilar as crônicas do livro e não escolher nenhuma em que o Poeta aparece.

Por isso ainda hoje ouço a resenha do amigo:

“O livro é razoavelzinho, mas precisa de uma continuação para dar a ideia exata do que éramos e fomos.”

IV.

Tranquilizem-se amigos leitores, não passa pelos meus planos um Meus Caros Amigos (2). Ouço a proposta do Poeta e desconverso. Na fase em que estamos, magoar um amigo é o mais grave dos pecados.

•Continua amanhã…

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