Há 50 anos os Beatles se apresentaram no “The Ed Sullivan Show”, o programa mais famoso da TV dos Estados Unidos e, dizem os entendidos, nunca mais os jovens deste lado do oceano foram os mesmos.
Nem os jovens, nem a América.
Pois então, caríssimos cinco ou seis leitores que me acompanham, não estou gabaritado para falar nem por uns, menos ainda pelo continente.
Posso falar, sim, por mim. À época, um garoto suburbano de um bairro operário em Sampa, o histórico Cambuci.
Tinha 13 anos e, para mim e a minha turma, o quarteto de Liverpool era mesmo sinônimo de liberdade e, aprofundando a questão, de afirmação social.
Não havia nada mais importante no Planeta do que ser jovem, cabeludo (eles decretaram o fim da tirania do topete a la Elvis), apaixonado por algum broto, tocar violão (guitarra era coisa rara e cara) e cantar:
“She loves you, yeah, yeah, yeah
She loves you, yeah, yeah, yeah
She loves you, yeah, yeah ,yeah
She loves you, yeah, yeah, yeah, yeah”
Sem querer me gabar e ou botar banca, diria que um dos ancestrais do que hoje chamam de ‘rolezinhos’, eu, os meus e outros tantos iguais a nós aprontamos em frente ao cine Riviera, na avenida Lins de Vasconcelos, na noite de uma quinta-feira que se perdeu no tempo, quando estreou o filme “Os Reis do Iê-Iê-Iê”.
Foi um barraco geral.
No afã e no desejo de vê-los atuando e cantando na telona e em branco-e-preto, estilhaçamos as portas de vidro do cinema.
Baixou polícia e o escambau.
E olha que cabiam ali nada, nada, umas duas mil pessoas.
Era o auge do que as pessoas chamavam de ‘beatlemania’.