Das novas séries que a Globo leva ao ar neste 2010, As Cariocas seguramente é a de melhor resultado.
Também, convenhamos, é até covardia comparar com as demais – Afinal, o Que Querem as Mulheres, Juntos e Misturados, SOS Emergência, Clandestinos, A Cura, entre outras menos cotadas.
Os motivos são vários.
A saber:
01. O elenco de atrizes é mesmo de primeira. Deslumbrantes, e convincentes. Para não me alongar neste glamoroso tópico, vou citar apenas a estreia de Cintia Rosa, como protagonista do episódio de ontem, o divertido “A Internauta da Mangueira”.
02. A assinatura mais do que comprovada de Daniel Filho, o principal nome da teledramaturgia tupiniquim.
03. A inspiração no engenhoso texto do cronista Sérgio Porto (1923-1968), autor do livro homônimo que deu origem à série.
Aproveito o mote para falar dessa espécie em extinção que é o cronista de jornal.
Uma pena.
A crônica é um gênero entre a literatura e o jornalismo, tipicamente brasileiro. Que fez grande sucesso nos jornais do País entre os anos 40 e – vá lá – 70.
Porto que assinava sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta é um dos notáveis de uma geração de notáveis – Rubem Braga, Nélson Rodrigues, Drummond, Rachel de Queiroz, Fernando Sabino, Joel Silveira, LM, Paulo Mendes Campos, Marcos Rey, Diaféria, Raul Drewnick, Antônio Maria, Plínio Marcos, entre outros.
Tudo começou nos primórdios do século 20 com João do Rio e ganhou formato com outro pioneiro, Humberto de Campos, autor de Notas de Um Diarista (Entenda-se aqui “diarista” como alguém que escrevia no jornal todos os santos dias).
Atualmente, os espaços nas páginas dos diários e revistas anteriormente ocupados pelos cronistas foram elitizados, digamos assim. Quem escreve agora é um especialista: o psiquiatra, o antropólogo, a madame, o brazilianista, o cineasta e que tais. Eles falam deliberadamente para seus iguais. Analisam, dissertam, comentam filmes, peças teatrais e outros eventos sociais. Deixam a publicação mais fashion, mais chic, como se dizia à época das crônicas.
No entanto, passam à distância do olhar mais alongado para a vida do brasileiro comum.
Nada contra. Um dos raros e bons cronistas da atualidade é o médico Drauzio Varella. Outros que resistem bravamente são os eméritos Carlos Heitor Cony, Veríssimo e Ignácio de Loyola Brandão.
Mas, são raros.
Infelizmente, para os leitores, são ainda muito raros.