Meu filho teve a feliz ideia de colocar como protetor de tela do computador uma foto de uma das praias de Varadero, em Cuba.
Fui eu mesmo que fiz o retratinho em uma das manhãs ensolaradas em 2010, 2011, não lembro bem? Não esqueço mesmo são os encantos da Ilha, a receptividade de sua gente, a música envolvente, a devoção que lá cultivam pelas artes e, sobretudo, o orgulho de serem cubanos.
Sou apaixonado por Cuba, digam o que disserem.
Temos muito que aprender com aquele povo valoroso e simpático.
II.
Não estou a defender regimes, tiramos ou tipos que o valham.
Falo do homem comum que não se curvou aos ditames do capitalismo ou das trágicas sanções que lhe impuseram.
Os cubanos têm consciência de que a Revolução fracassou – os motivos foram os mais complexos e distintos.
Mas, não se lamentam, nem perdem a esperança.
Sabem que combateram o bom combate – e ainda lutam, mais com sonhos e determinação, do que com armas.
Acreditam no amanhã solidário – coisa que muito povinho por esses lados dos trópicos ainda duvida que seja o caminho, o único caminho.
III.
Gostava de ouvi-los contar as histórias – algumas tristes, outras heroicas – que enfrentaram para oferecer a todo e qualquer cubano o direito inalienável de ser um IGUAL. Com acesso a saúde, moradia, educação…
Não sei a quantas anda a cabeça daquele povo simpático após a aproximação de Barack Obama e Raul Castro. Mas torço por eles e por nós.
Os ventos da mudança sopram enfim para que o mundo reconheça Cuba e Cuba se abra para o mundo.
É mais do que justo, e necessário.
IV.
Lembro uma entrevista do Doutor Sócrates, craque na bola e nas ideias. Ao que pude entender, ele não era de fazer planos, vivia e deixava viver. Tinha lá seus ideais e, como poucos, era fiel a eles em tempo integral. Um de seus raros projetos era passar um tempo na Ilha; não como Sócrates, o celebrado jogador de futebol; e, sim, como um cubano qualquer.
Um amigo que lá esteve recentemente, para cobrir o tal e fracassado show dos Rolling Stones, me disse que, até onde pode perceber, os cubanos não pretendem entregar o legado da Revolução para o domínio dos americanos. Enxergam nas transformações o caminho para resgatar o elo perdido com a Guerra Fria e o bloqueio que lhes foi imposto pelos Estados Unidos e servis parceiros.
V.
Esta é uma condição presente nos dias de hoje. O que eles temem mesmo é o comportamento das novas gerações.
Os ‘teens’ querem a mudança, não importa a que preço.
Uma pena!
VI.
Olho para a imagem de Varadero – e paro por instantes a imaginar quando voltarei por lá.
Entendo agora que a ideia de usar a foto como protetor de tela – e sacá-la do esquecimento da pasta de Imagens – não foi uma iniciativa vã do filhão.
É mesmo uma gostosa provocação.