Permitam-me uma homenagem ainda que tardia.
Foi-se o mês de maio e, por conta da minha cabeça oca, deixei de aqui registrar o centenário de dois grandes nomes do mundo artístico nacional: Murilo Alvarenga e Diésis dos Anjos Maia. Ambos aniversariavam em maio – e formavam uma das duplas sertanejas de extraordinário sucesso. Eram os saudosos Alvarenga e Ranchinho, também conhecidos como “Os Milionários do Riso”.
Eles apareciam programas de auditório de rádio e nos primórdios da TV. Também se apresentavam em circos e nas rádios, mas o auge da dupla aconteceu, nos idos de 50, quando se exibiam com sucesso no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, ao lado de nomes famosos, como os de Carmen Miranda, Oscarito e Grande Otelo.
Suas paródias, “Romance de Uma Caveira” e o “Drama de Angélica”, ainda hoje bombam no youtube.
Eram uns gozadores, os dois.
Arrepiariam ainda mais os cabelos dos breganejos de hoje que se acham cowboys da modernidade. Um alto, outro pequenino. Usavam chapéu de palha, botina do Jeca, calças com barras pela canela e cintura no umbigo. Sem falar, óbvio, da tradicional camisa xadrez. Bigodes pintados a carvão no rosto. Faziam o gênero Mazzaropi, de matutos ingênuos, mas espertos que só ver.
Tinham um bordão que ainda hoje – acreditem – uso para horas incertas e não sabidas.
— Olha o (de)volteio!!!
Em meio às sátiras musicadas, quando a piada era um tanto quanto forte – especialmente as que mexiam com políticos importantes ou traziam em si um duplo sentido -, o Alvarenga usava este expediente para fazer com que a plateia saboreasse o desfecho e o riso se esparramasse por mais alguns instantes.
Em tom imperativo, convocava o parceiro:
— Olha o (de)volteio,!!!
E o pequeno Ranchinho se punha a dançar com passinho miúdo, desengonçado e maroto.
(Óbvio, sem largar a viola.)
O auditório ria ainda mais, ria a valer.
Ontem, no programa Sr. Brasil, o grande Rolando Boldrin fez uma homenagem à história da dupla.
Foi emocionante,
Quem puder – e quiser – assistir, a reprise será na manhã de domingo, após Viola Minha Viola.
Vale à pena…