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Os pilares do fazer jornalístico

Aos formandos de jornalismo – turma Professor Doutor José Salvador Faro –, em cerimônia de colação de grau, realizada ontem no auditório da Universidade Metodista de São Paulo:

Boa noite a todos.

Uma honra estar presente nesta cerimônia.

Vou lhes contar uma história:

Lá no mais antigo dos anos, eu trabalhava na revista Afinal (a grosso modo, poderia defini-la como a Época do início dos anos 80). Em um fim de tarde, estava eu a batucar o teclado da velha Olivetti, quando o editor de Cultura, Sérgio Vaz, me chamou e entregou um calhamaço de recortes sobre Jorge Luiz Borges.

"O homem morreu. Quero duas páginas sobre o tal."

Para ser sincero, sabia pouco, quase nada do escritor argentino, cego, que, descobri depois, enxergava a vida pelos olhos da mulher, 40 anos mais jovem.

Li aquilo tudo (ou quase) madrugada a dentro e constatei que o poeta era um gênio, um baita frasista.

Usei um tanto delas para compor o texto.

Uma guardei para sempre – e repasso hoje para vocês:

— A gente pode tudo na vida. Só não pode se fazer infeliz!

II.

Tenho raras certezas nesta vida, esta – ser feliz – parece incontestável.

A outra é que o jornalismo – onde atuo há quase 40 anos – vive um momento de transição em muitos pontos causados pelo imediatismo da informação, pela predominância dos veículos eletrônicos e pela interatividade entre o leitor e quem produz a notícia que o mundo digital dissemina, sem qualquer controle.

Estão aí blogs, twitters, as tais e quais redes sociais e uma penca de engenhocas capazes de informar ao mesmo tempo em que também se informam.

Há ganhos e perdas nesses procedimentos.

Não cabe a discussão aqui e agora.

Cabe, sim, entender que esses avanços são irreversíveis.

III.

O jornalista, meus caros, não pode esquecer o passado, ausentar-se do presente e, em hipótese alguma, temer ou tentar evitar que o amanhã, que o futuro aconteça.

O caráter e o senso de interesse público continuarão sendo os grandes pilares do fazer jornalístico, seja qual for a plataforma.

Aliás, como sempre foram. Em qualquer tempo.

IV.

É o que tenho a lhes dizer.

Além de, óbvio, lhes repassar o sábio conselho de Borges:

Sejam felizes, plenamente felizes, dentro e fora da profissão.

E como determina a pressa das tais e quais redes sociais:

Por favor não adiem a felicidade…

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