Foto: Nápoles/Arquivo Pessoal
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Devo-lhes uma explicação.
Se nem eu sei bem ao certo quem eram os tais, imaginem os meus caríssimos e mais jovens leitores?
Nas conversas da italianada que frequentava o Bar Astoria, na esquina da Lavapés com a Justo Azambuja, os scugnizzi eram tratados como heróis da resistência italiana em Nápoles.
Eram garotos de rua que enfrentaram as tropas alemães com emboscadas e armadilhas nos becos, vielas estreitas e corredores sinuosos no centro da cidade napolitana.
Faziam os ataques – e sumiam por essas trilhas que só eles sabiam de cor.
Especialmente no final dos combates, quando o inimigo se deu conta de que aquela era uma guerra perdida e mais dias, menos dia, o contingente aliado retomaria a posse da cidade – neste intervalo, os alemães tornaram-se ainda mais violentos com os habitantes, pois trataram de saltear as reservas de alimentos, armas outros bens napolitanos. Foi exatamente aí que os “moleques encardidos e corajosos” (na fala do vô Carlito) foram mais atuantes na defesa da sua gente e da sua terra.
Tanto que, em uma de suas crônicas sobre a guerra na Itália, o grande Rubem Braga, correspondente do Diário Carioca no front, fez o seguinte relato:
“Os italianos sabem que devem sua libertação às armas aliadas.Mas, perguntem a qualquer homem do povo, em Nápoles,quem expulsou os nazistas da cidade e, ele,apontando para alguns moleques, e´sorrindo, dirá com verdadeiro orgulho:
– Gli scugnizzi!!!
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“Se eles tem pedras, você tem muralha!
Se eles tem hoje, você tem o infinito e além.”
Mah Leone
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O que você acha?