Um amigo que sabe da minha paixão futebolística pelo Palmeiras dá a letra:
“Os verdes se assanham…”
E sorri, cabuloso, a insinuar outros tons do verde.
Ele mora em Brasília e o encontro por acaso em um dos saguões do aeroporto de Congonhas.
“Jornalista precisa estar bem informado”, comenta em tom de alerta.
(…)
Só então me dou conta que o dito nunca foi fanático por futebol.
Se bobear, sequer imagina o quanto anda próximo o meu querido Palestra do almejado título de campeão nacional.
Malandro-otário que sou, faço-me de desentendido, mais do que naturalmente já sou.
Insisto e jogo no ar a célebre verdade do mundo da bola:
“O jogo só acaba quando termina”.
Justifico: ainda faltam algumas rodadas para o Brasileirão terminar e matematicamente Internacional, Flamengo e até mesmo o Grêmio e São Paulo podem surpreender nesta reta de chegada.
(…)
É a vez dele se mostrar surpreso.
Mesmo assim volta a sorrir, olha para os lados e me diz baixinho, quase a sussurrar:
– Ouvi coisinhas por lá.
Não entra em detalhes. Sugeriu algo sobre o iminente julgamento de determinado habeas-corpus, mas não se estendeu no assunto.
Fez, no entanto, um prognóstico sombrio:
“O jogo mal começou, amigo”.
Assim enigmático, deu por encerrada a conversa. Mandou recomendações e lembranças aos amigos comuns e lá se foi ele atrás do seu bendito portão de embarque (que mudara duas vezes).
(…)
A sós com a multidão em desalinhado vaivém, fico em silêncio a remoer temores que, confesso, nunca imaginei vivê-los outra vez.
Que a supremacia dos verdes ocupe única e exclusivamente os campos de futebol.
Afasto os maus presságios. Afinal, hoje, tem Palmeiras e Fluminense, um jogo decisivo.
O que você acha?