Foto: Lucas Figueiredo/CBF
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No uber a caminho de casa.
Na padaria.
Na loteca (que a mega sena acumulou em quase 70 milhas).
Na fila do banco.
Nos noticiários, então…
Nos programas de fofoca, só deu ele.
Nas páginas policiais, também ganhou destaque.
Todos os papos nos levam à mais recente treta de Neymar, o assunto do dia nesta segunda braba – aliás, desde ontem, que não se fala em outra coisa pelos arredores.
Não pegou nada bem para a imagem do rapaz. Que, aliás, anda em cacos.
A acusação é grave.
E, penso, vai deixar sequelas tenha o desfecho que tiver.
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A primeira bronca caiu no colo do técnico Tite, da seleção.
Tanto que ele resolveu antecipar para hoje a coletiva de imprensa que normalmente acontece um dia antes dos jogos da seleção brasileira (o Brasil faz um amistoso na quarta, contra a Bolívia).
Desconfio que nem mesmo o sóbrio e pausado Adenor conseguiu segurar a ansiedade diante de tamanha repercussão que o caso ganhou mundo afora. Além do que ter uma viatura policial a rondar a concentração da Granja Comary não é lá um bom agouro para quem se prepara para um torneio oficial. Mesmo que seja apenas a tal Copa América.
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Diante dos coleguinhas e da objetividade das perguntas, Tite tentou manter a pose.
Conseguiu. Mas, se me permitem – e diante das circunstâncias – ,não foi além do óbvio nas respostas.
Disse que conversou (de novo) com o craque. Papo sério. Olho no olho. Que não se permite julgar ninguém. Não seria, agora, que o faria publicamente.
”O que posso afirmar são os três anos de convívio com o Neymar. Os assuntos pessoais que tratamos foram sempre leais e verdadeiros. Eu não posso julgá-lo”
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No mais, deixou claro que não pensa em medidas radicais.
Desconvocá-lo, por exemplo.
“Neymar é imprescindível para a seleção brasileira, mas não é insubstituível.”
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Não vi a entrevista na íntegra.
– Passou o pano – me garantiu Vinicius, o motorista do Onix que me trouxe pra casa.
Depois ele próprio, reconsiderou:
– Não sei se faria diferente se fosse eu o técnico do Brasil.
E tascou a pergunta que ainda agora não sei responder:
– E o senhor?
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Eu?
– O que acha?
Lembrei o bordão do saudoso Brandão Filho, no quadro Primo Rico, Primo Pobre, que fez história na televisão brasileira no humorístico Balança Mas Não Cai:
“Quem sou eu, primo?”
Pedi encarecidamente que me incluísse fora dessa.
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Mas, não resisti – e ameacei falar um bocadinho.
Tentei contextualizar:
Neymar é um extraordinário jogador de futebol, verdade!
Mesmo assim não figura no ataque da minha seleção brasileira de todos os tempos.
Garrincha, Didi, Mazzola, Pelé e Canhoteiro.
Vinicius estranhou.
– Mazzola? E o Romário e o Ronaldo?
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Desconversei.
Fui pelo atalho, quase um ‘google’ no banco de carona:
José Altafini, de apelido Mazzola, centro avante do Palmeiras, seria o titular da seleção de 1958, mas foi vendido para o Milan, na Itália, quando o escrete já estava na Europa. Por isso, foi substituído por Vavá no onze titular.
Na Copa de 62, jogou pela Itália, onde vive ainda hoje.
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– Eita, esse eu nunca ouvi falar. Prefiro o Romário.
Não sei se convenci meu jovem interlocutor. Acredito que não.
Sei que esquecemos as atribulações de Neymar, de Tite e Cia. Esquecemos até o trânsito da segunda-feira braba e, até o fim da corrida, discutimos, como velhos amigos , quem foi o melhor: Romário ou Ronaldo Fenômeno.
Óbvio: escolhi o Ronaldão para não tocarmos mais naquele outro assunto.
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O que você acha?