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Parece dezembro…

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Parece dezembro de um ano dourado – Chico Buarque.

As canções sempre me inspiram.

Dezembro, o tal mês das festas, me traz apreensão.

Um sentimento, creio, natural por mais um ano que se finda; aquela coisa de nos autoanalisarmos pelo ciclo que se vai, ao menos em termos de calendário.

Tem a chegada do Verão, o Natal, o tal Ano Novo e a sensação (algo assustadora) de que tudo pode mudar.

Se é pra melhor, ninguém sabe….

(…)

Bateu uma inesperada curiosidade de como saudei a chegada deste mês, no Blog, ao longo desses onze anos.

Como o passar do tempo, mexeu comigo e esse mundão de meu Deus?

A subjetiva resposta nesta breve retrospectiva.

Em 2006, no post de primeiro de dezembro, lembrei Quintana:

Escrever não muda o mundo.
As pessoas mudam o mundo.
Escrever só muda as pessoas.

Andava animadinho que só…

(…)

Em 2007, respondi a uma internauta sobre escrever dia sim e outro também:

“Minha cara, nunca estaremos inteiramente seguros sobre nossos textos e nossos sonhos. Mas, vamos sempre escrevê-los e sonhá-los.”

E conclui:

“É a parte que nos cabe neste latifúndio chamado Terra. ”

(…)

Em 2008, lembrei o repórter que fui ao resgatar uma entrevista que fiz, nos antigamente, com o notável Plínio Marcos.

Uma das respostas, franca e direta:

“Eu como artista jamais ficaria no poder. Ficaria sempre contra o poder. Sou um crítico da sociedade. ”

(…)

Em 2009, lembrei com carinho do Velho Aldo, meu pai, dez anos após sua morte:

Ele dizia que na Calábria havia o seguinte dito popular:

“O que eu não entendo, eu estranho…”

Vale o escrito!

(…)

Saltemos para 2012.

Saudei dezembro com poesia de Mauro Salles.

O poema ‘Felicidade’:

Somos fiéis
Aos amores impossíveis
Às vozes de ontem
Às promessas de eternidade
À mão do companheiro
E ao olhar da amiga.

(…)

Em 2013, a boa nova foi o lançamento do meu livro “Volteios – Crônicas, lembranças e devaneios”.

Convidei a todos para a noite de autógrafos na Vila Madalena.

Os amigos lá compareceram.

E eu me senti quase plenamente feliz.

O País estava em cacos.

 

(…)

Em 2015, publiquei a íntegra da carta escrita por Kobe Bryan, super atleta do Lakers, em que anuncia sua aposentadoria do basquete americano, aos 37 anos:

Meu querido Basquete…

Desde o momento em que comecei a enrolar as meias do meu pai, arremessando de forma imaginária arremessos da vitória no Great Western Forum, sabia que uma coisa era real:

Eu me apaixonei por você. 

(…)

Em 2016, a entrevista do então ministro Joaquim Barbosa para a colunista Mônica Bérgamo da Folha de S.Paulo preconizava o caos que hoje vivemos:

“Aquelas lideranças da sociedade, que apoiaram com vigor, muitas vezes com ódio, um ato grave como é o impeachment, não tinham clareza da desestabilização estrutural que ele provoca.”

O galinheiro chamado Brasil parou nas mãos de felpudas raposas.

(…)

Cá estamos…

Este 2017, decididamente não me parece “um ano dourado”.

É dezembro, nem parece…

E não tenho qualquer destaque a fazer.

Mesmo, como diria aquele amigo bebum e gozador,  “haja o que hajar”, só nos resta manter a ESPERANÇA e ir à luta.

(*foto: l.cunha)

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