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Passou o impeachment

Meus caros,

… desejo uma boa tarde a todos!

Ao menos, tentem!

Na data do impeachment, farei o possível para ser breve.

Quem dera falar para a História como a presidente Dilma o fez ainda na segunda quando foi ao Senado!

Não estou com essa bola toda, não. Já me apraz, no entanto, falar aos meus caros e raros cinco ou seis leitores.

Estão todos aí?

II.

Seguinte.

Diante dessa avalanche de tratos e distratos, vou lhes confessar. Desconfio que perdi o mote que me fez tocar e seguir em frente (por mais de 40 anos) pelos alagados do jornalismo.

O mote todos sabem:

A construção de um Brasil verdadeiramente de todos os brasileiros.

III.

Como já lhes contei aqui em várias ocasiões, ouvi essa expressão (o Brasil de todos os brasileiros) do dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri em um restaurante lá nos idos da redemocratização, anos 80. Euzinho era um dos presentes (quase escrevo penetra) entre ilustres personalidades que projetavam o Brasil pós-ditadura.

Ao ouvir o artista, sua utopia, declamada em alto e bom som, iluminou a todos ali – e, abusado que sou, passei usar a frase em diversos textos que alinhavei desde então.

Mesmo quando textualmente as palavras são outras, na essência esta é a proposta que persigo em minhas reportagens.

O jornalista é o historiador do cotidiano. Um mediador das demandas sociais. Um agente da transformação. Senão que vá apresentar o BBB ou mude de profissão…

IV.

O jornalismo nativo perdeu a credibilidade.

(Foi trágica e tendenciosa a cobertura deste triste episódio.)

Hoje o Brasil encerra um ciclo que, em vários momentos, foi de busca pela idealização de um País justo, fraterno e democrático. Por erros, equívocos, deslizes, interesses e mão grande de todos os lados, tem sido de ódio os últimos tempos, ódio que divide, violenta, assusta – e desilude.

Então, só tenho a lhes dizer: perdi o mote.

Só não perco o sonho e a esperança de um Brasil de todos os brasileiros.

Lá no fundinho dalma acredito que as futuras gerações saberão contornar os erros que hoje cometemos.

V.

Pronto.

Passou o impeachment.

As raposas vão tomar conta do galinheiro.

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