Foto: Divulgação
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Se me pedissem para escolher “o samba dos sambas”, eu não teria dúvida em apontar “Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida” como o bambambã do gênero.
Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Não era do mar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar…
II.
Se me pedissem para escolher “o samba mais dolente”, também não hesitaria em apostar em “Dança da Solidão” como obra prima para as horas incertas e não sabidas.
Solidão é lava
Que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sprri seus dentes de chumbo
Solidão palavra
Cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão…
III.
Se me pedissem para escolher “a canção que melhor retratasse aquele final dos anos 60”, com o tacão do AI-5 a nos esmagar a liberdade e os sonhos, não demoraria um segundo para cantarolar os versos definitivos de “Sinal Fechado”.
Tanta coisa eu tinha a dizer
Mas sumiu na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança…
IV.
Se me pedissem para escolher “uma poesia em forma de samba”, indicaria, sem pensar duas vezes, o belíssimo painel do Brasil e dos brasileiros retratado em “Coisas do Mundo Minha Nega”.
Hoje eu vim, minha nega,
Sem saber nada da vida
Querendo aprender contigo
A forma de se viver
As coisas estão no mundo
Só que eu preciso aprender…
V.
Como o nobre leitor pode perceber, todos esses sambas são de autoria de Paulo Cesar Batista de Faria, o notável Paulinho da Viola, que hoje completa 70 anos.
Espero que vocês aceitem os argumentos.
Não sou nenhum desses bacanudos que participam de programas de TV para dar pitacos sobre tudo e sobre todos. Mesmo assim, e modestamente, meu coração leviano quis registrar a data e os feitos de um dos grandes nomes da MPB de todos os tempos. Aquele que tem a sabedoria dos velhos marinheiros que, durante, o nevoeiro levam o barco devagar. E que, um dia, nos ensinou: dinheiro na mão é vendaval.
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* Escrevi esse texto em há dez anos. Um texto para louvar Paulinho da Viola que então completava 70 anos. Replico a crônica neste sábado, também um 12 de novembro, quando Paulinho completa 80. É minha forma de homenageá-lo e lhe agradecer por tanta poesia e ensinamentos em forma de samba.
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NADA DE NOVO
* Não sei lhes dizer o motivo. Sei que esse samba pouco conhecido de Paulinho da Viola, aqui na magna interpretação instrumental de Cristóvão Bastos e Mauro Senise, me é inesquecível. Faz parte da minha história de vida. Tinha 19 para 20 anos quando o Poeta do Samba o apresentou, pela primeira vez, ao público. Era uma noite fria de segunda-feira, e Paulinho era um dos participantes da Feira Permanente da Música Popular Brasileira. Foi no teatro da TV Tupi, nas quebradas da avenida Brigadeiro Luiz Antônio. 1970, se não me falha a memória. Havia, se tanto, entre 20 ou 30 pessoas na plateia. Eu era um deles. Foi emocionante ´e ainda é.
O que você acha?