Ele era apenas uns três ou quatro anos mais velho que eu.
Mas, já estava lá com ares de professor a ajudar a professora Cremilda Medina na formação dos neófitos em jornalismo que aportavam aos bandos ECA/USP em meados dos anos 70.
A disciplina devia ser Linguagem Jornalística ou algo no gênero.
Foi das mãos dele – e com sua orientação – que recebi a primeira pauta que desenvolvi para a Agência Universitária de Notícias. Entrevistei o diretor do Instituto de Física da USP, o professor José Goldenberg, sobre as experiências que a India desenvolvia na área da energia núclear. À época, o país fazia testes para construir uma bomba atômica.
A reportagem ficou “razoavelzinha”, como me disse na aula seguinte.
Ainda nos tempos que andei pela ECA, Paulo Roberto Leandro lançou uma edição artesanal do livro A Arte de Tecer o Presente em parceria com a professora Cremilda que tratava do que, à época, se chamava de Jornalismo Interpretativo.
Uma das frases do livro que me valeu como toque imprescindível – e, creio, ainda vale:
“A distância que existe entre a realidade objetiva e a representação dessa realidade deve ser percorrida pelo esforço da interpretação.”
(…)
Acompanhei à distância a carreira de Paulo Roberto Leandro como jornalista nas diversas emissoras em que trabalhou, inclusive na Globo na função de editor-chefe do SP/TV.
Ontem, pela manhã, soube da sua morte. Estava com 67 anos, trabalhava na RedeTV! e padecia de um mal denominado Doença de Crohn (inflamação do aparelho digestivo).
O jornalismo está de luto.