"Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução."
Lembro o poeta Drummond da varanda do apartamento em que estou.
Cabe ao meu olhar deliciar-se com cinzento pedaço de mar.
Quisera poder descrever o ir-e-vir das ondas incessantes que hipnotizam o pensar como se nada mais houvesse neste enigmático mundo, mundo, vasto mundo.
Dia desses, ainda durante a lida diária, o amigo Sales me falou das tempestades solares e das mudanças das rotas dos aviões.
Caprichou no tom profético de quem anuncia o apocalipse.
Tomei ares de preocupação.
Fiz que entendi o horror que nos espera.
Não durou muito meu espanto.
Perdi o interesse no discurso do amigo e me pus a imaginar a placidez desta manhã e o momento de estar, como agora estou, de frente para o mar.
Ansiava por essa hora.
É o nada que acalma, tranqüiliza na manhã sem sol, vazia e vadia; úmida da chuva que acabou de cair.
Plena de paz.
"Mundo mundo vasto mundo
Mais vasto é o meu coração."