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Pensata sobre jornalismo

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Na velha redação de piso assoalhado, valorizávamos o repórter, a reportagem. Os fatos apurados, checados, com retidão, seriedade e imparcialidade (óbvio, dentro dos nossos limites de erro).

Os colunistas ficavam em um plano complementar. Serviam para a contextualização da notícia. Dizer dos antecedentes e de prováveis consequências.

A ideia ali era que os leitores formatassem a própria opinião.

Era proibido posar de dono da verdade. Ser discursivo no texto, então, motivo de repreensão e chacota.

Do alto de seus anos de estrada (que não eram poucos, não), o Zé Jofre não perdoava:

– Quer dizer que o notável repórter virou deputado agora?

Os pilares de um jornalismo que se preze eram vistos e revistos a cada nova jornada pelo grande Tonico Marques.

– Simplesinho, dizia ele.

Enumerava as três regras:

1 – respeito à verdade dos fatos;

2 – ser crítico, e independente;

3 – fiscalizar as ações do poder público, sem perder o equilíbrio e a racionalidade

Sei bem que não é lá tão simples assim.

Mas, era a meta que perseguíamos.

Óbvio que errávamos também – e muito e feio.

Como trabalhávamos num jornal regional (dialogávamos com os nossos vizinhos), a cobrança era imediata – e, por vezes, contundente.

– Por favor, por favor, meu nome é Luis (com S) Augusto Selva – e não Luiz Augusto Silva, como foi publicado por vocês. Imperdoável. Corrijam isso, por favor.

Mesmo o inesquecível Sr. Luz Augusto Selva,  entre outros descontentes ou mesmo aqueles que não concordavam com eventuais críticas recebidas, creio, não questionavam a honestidade da nossa proposta de trabalho.

Ouvir a versão de todos os envolvidos no fato era outra de nossas prioridades.

Outra recomendação pré-estabelecida era a de que o bem comum deveria ser o norte de todas as nossas pautas.

A expressão que o Marques consagrou era a nossa lei pétrea:

“Dar vez e voz aos mais humildes que, desde os descobrimento ou  antes até, nunca tiveram vez e voz.”

Batuco esta pensata sobre jornalismo na tentativa de entender o que vejo, ouço e leio nos diversos noticiários, das diversas plataformas, onde tento me informar sobre o mundo – e sobre nós.

O mundo só existe para nós se nos informarmos sobre…

Pois então, meus caros: o que vejo, ouço e leio?

Muito mais gente opinando sobre tudo e sobre todos do que informando. E, mesmo quando informam, ressaltam só os fatos que convêm à opinião que têm os colunistas e, via de regra, os donos da empresa que representam.

Entenderam ou ficou confuso?

Clareza, objetividade e concisão.

Outra lição do Marques ilustrada, diariamente, pelo bordão definitivo:

– Uma lauda, todos leem. Duas laudas, alguns mais interessados. Três laudas, nem a mãe da gente.

Por isso, encerro por aqui.

Estou perto dos não-recomendáveis 3 mil caracteres neste texto. Um exagero, quase um discurso. Mais de duas laudas…

Peço que perdoem o devaneio deste cronista confuso, algo amargurado com o noticiário do dia. E, sinceramente, preocupado com os rumos do jornalismo, do Brasil e do mundo…

 

1 Response
  • clarice falasca
    29, maio, 2019

    Também ando preocupada. Ou desconfiada, rs

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