Amigos, bem que tentei.
Mas, mas não consegui encontrar
no site uma das colunas que escrevi,
em algum tempo mais ou menos
igual a este que vivemos…
De sustos e incertezas.
Gosto da história que tem um amigo
como protagonista. Bem, acho que posso
chamá-lo de amigo, apesar do pouco
tempo de convivência que
tivemos na Redação de um dos
principais jornais paulistanos.
Tempos depois, por obra e graça
do destino e da profissão, fui entrevistá-lo
para Gazeta do Ipiranga quando
o moço lançou um novo livro.
Foi um papo interessante e
que me deixou intrigado com
o perder e ganhar da vida.
II.
A entrevista tratou basicamente do livro
que era um bocado auto-biográfico.
O enredo era mais ou menos simples
Ele sempre trabalhou muito para
se dar bem na vida. Chegou mesmo
a lançar uma revista de futebol, em 94,
que não deu certo e lhe afundou
financeiramente. Justamente no momento
em que concluía uma casa
no sofisticado condomínio
da Aldeia da Serra.
Com tudo o que a mulher
sempre sonhou. Quartos amplos,
piscina, jardins, essas coisas…
III.
Ele foi então trabalhar
como assessor de imprensa de
um renomado esportista,
quando este foi secretário de Esportes
do então prefeito Paulo Maluf.
Não se adaptou às pressões
políticas e ficou desempregado –
o que gerou uma crise existencial
que acabou no fim de um
casamento de anos e anos.
IV.
De repente, o jornalista se viu diante
de uma situação inimaginável.
Era um sábado de manhã e
a família sairia do apartamento
no bairro das Perdizes, onde sempre
morou, os filhos cresceram e tudo mais
que a vida lhe ofereceu de bom.
Sem saber o que fazer, o moço
saiu a caminhar pela cidade
enquanto a mulher comandava
a solene mudança.
À noite, voltou e viu a casa vazia.
Nem fogão havia. Só lhe restou
dormir profundamente
na única cama disponível.
V.
Acordou na manhã daquele que seria
o dia mais triste da sua vida. E,
ao contrário do que poderia supor,
surpreendeu-se. Estavas só, mas aliviado.
Não demorou entender que
precisava de pouco para ser feliz.
Um emprego razoável, voltar a jogar
tênis e comprar um violão,
pois sempre adorou música.
Como estava sem fogão e lhe restara
parcas economias, começou a se alimentar
de verduras que comprava no fim da feira.
VI.
Sem querer, inventou uma dieta eficaz.
Voltou ao JT, harmonizou a relação com
os filhos e, disse-me naquela
ocasião, estava bem feliz.
Percebeu que todas as angústias
vinham de se ver obrigado
a carregar sonhos que não lhe
pertenciam. E sequer havia sonhado…
Uma bela lição de vida…