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Pimpão e os Jogos da Primavera

Os Jogos Colegiais da Primavera eram um acontecimento.

Realizavam-se, em setembro, nas dependências esportivas e sociais do Clube Atlético Ypiranga, lá pelos idos dos anos 60.

Eram uma espécie de olimpíada entre os colégios da cidade. Não havia patrocínio de qualquer órgão oficial – governo, prefeitura, secretaria, essas coisas. Mas, nem por isso deixavam de reunir milhares de jovens diariamente, envolvidos com o esporte e/ou a arte do que chamavam de paquera.

Me apresso em dizer. Tive participação pífia em ambas as modalidades. Ora por falta de interesse dos irmãos maristas, responsáveis pelo Colégio Nossa Senhora da Glória, que não inscreviam nosso bom time de futebol na competição. Ora porque, como paquerador, não revelava a mesma agilidade do esperto quarto-zagueiro que fui; pois chegava atrasado em todas…

Enfim, é da vida…

II.

Mas, tive lá meu bom momento. Ou quase…

Um dia saí de casa todo pimpão, roupa de domingo e o escambau. Rumo ao Clube Atlético. Uma caminhada de meia-dúzia de quarteirões, se tanto.

Dou alguns passos, e pára um baita carrão conversível, um Mustang ou modelo do gênero.

O motorista, um filhote do Elvis Presley, me pergunta:

— Oh, meu, onde fica o Clube Atlético…

Ele não chega a terminar a frase. Ágil como bom cabeçeador, salto pra dentro da caranga e, na cara dura, lhe informo…

— Tô indo pra lá…

Um minuto depois, desço na porta do clube. Os amigos olham respeitosos.

"É meu primo", digo, com ares de Beto Rockefeller, o bicão mais famoso da telenovela brasileira. E arremato:

— Quem tem tem. Quem não tem não se conforma…

Pena que a moça não estava lá. Não veio para os Jogos. E deu um w.o. na minha vida…

[Texto publicado no livro “Volteios – Crônicas, lembranças e devaneios”]

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