Depoimento da cantora Pitty ao livro-reportagem “Amor Tátil – Os discos de vinil sobreviveram à evolução dos tempos”, de autoria das jornalistas Ana Carolina Guilherme, Andressa Moreno e Suellen Santana:
“Discos sempre fizeram parte da minha vida. Cresci entre compactos coloridos de historinhas infantis, passei pelos Saltimbancos e achei que tinha virado adulta quando, por volta dos doze, ganhei um vinil da Rita Lee no Natal. Disco de gente grande, sabe.
Quando comecei a trabalhar e ganhar meu próprio dinheiro, uma das primeiras aquisições de que me lembro foi justamente um CD “de balaio” da Janis Joplin. Tipo coletânea de super hits. Estava toda orgulhosa de finalmente poder comprar meus próprios discos, mas a essa altura os CDs já haviam tomado de assalto toda a cena. Quase não se falava mais em vinil, a qualidade dos bolachões brasileiros foi degringolando mais e mais, até que as últimas fábricas fecharam e isso caiu no esquecimento.
Eu nunca deixei amar vinil. E esse verbo é muito pertinente, porque vinil é mesmo um caso de amor. É paixão pelo ritual, pelo barulhinho da agulha correndo no sulco, pela capa grandona, pelo som diferenciado. Recebi com muita alegria a notícia de que se voltaria a produzir disco nesse formato no Brasil, e que o meu seria da primeira leva. Fiquei encantada. Acompanhei de perto todo o processo artesanal que envolve a produção de um vinil. Amei tudo mais ainda.
Hoje sigo garimpando raridades e lançamentos; e todos os discos pelos quais tenho devoção, faço questão de tê-los em vinil. Como eu disse, uma prova de amor.”
E MAIS:
*Pitty lançou “Chiaroscuro” pela Polysom, primeiro disco produzido após a reabertura da Polyson.
*O livro-reportagem é um trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, e foi orientado pelo professor doutor Herom Vargas. Foi aprovado com nota 10.
* Foto: Guto Santinelli