Tem coisas que acredito que sim.
Outras, acredito que não.
Tem coisas que a gente desconfia, mas, sinceramente, não acredita.
Tem outras que a gente acredita, mas desconfia…
E, por fim, amigos e leitores, tem coisas que a gente não acredita e sequer desconfia, mas aí estão – existem e, por vezes, nos atropelam.
Queiramos ou não.
…
Pois escutem esta que o humilde escrevinhador tem para lhes contar.
Resolvo fazer o almoço de sábado no Shopping Bourbon, ali, em Perdizes, vizinho do Allianz Parque.
Tenho um carinho especial pelo lugar.
Explico.
Sempre que vou aos jogos do Palmeiras, ali estaciono o meu carro, tomo um café ou faço um lanche e, digamos, é minha concentração “que a dureza do prélio não tarda”.
Eu e milhares de palestrinos, ao que consta, temos e nos deliciamos com o mesmo o ritual.
Os corredores do shopping ficam apinhados de camisas verdes de vários tons, épocas e conquistas.
Sinto-me em casa, como bem podem perceber.
…
Pois então…
Neste sábado, também conhecido por ontem, eis que todo faceiro tento repetir a rotina.
Mas, sou surpreendido assim que chego aos arredores do shopping e do Allianz.
Há outra tribo (um tantinho mais jovem e bem mais faceira e bela) que se aglomera junto aos portões do estádio, invade e toma as cintilantes alamedas do Bourbon – e, olhem a audácia, se imagina dona do pedaço.
Ops…
Que pimba de invasão é essa? – pergunto aos malemolentes botões da minha surrada camisa verde.
…
– É a meninada que veio assistir ao show da dupla Sandy e Júnior.
A resposta quem me dá é a gentil atendente da Casa do Pão de Queijo onde me aboleto junto ao balcão em busca de socorro, compreensão dos fatos, um café e água com gás (que estou com a boca seca, tamanho susto).
Como assim? – retruco.
Na minha tola concepção, Sandy e Júnior haviam desistido da dupla. Seguiram carreiras solos e só lembro deles crianças ainda. Nunca mais ouvi falar e agora…
– Agora, estão de volta. Para reencontrar os fãs que nunca o esqueceram.
Minha interlocutora continua, com olhinhos brilhantes:
– Eu mesmo, diz, amava o Júnior e sonhava cantar como a Sandy.
Um tanto conformado, outro tanto admirado, balbucio:
– Entendi.
E ela conclui assim que me serve o café:
– Será um show histórico. Épico…
…
Só agora me dou conta o motivo pelo qual eu terei que enfrentar o frio – e eventual chuva – nas arquibancadas ásperas e descobertas do Pacaembu na terça à noite quando o Palmeiras enfrenta o Grêmio em jogo decisivo pela Libertadores da América.
É uma causa justa. Um show épico para 45 mil pessoas.
Nada a comentar.
Ou melhor, só mais duas ressalvas.
1 – Haverá outro espetáculo hoje e a dupla retorna a São Paulo em outubro pra encerrar a turnê. Detalhe: os ingressos já estão esgotados.
2 – Toda vez que me chamam de ‘coroa’, ‘velho’ e provocações similares, eu tiro de letra. Respondo, com destacada empáfia, que “sou da geração dos Beatles e dos Rolling Stones”.
Épico? Acho que preciso rever essa pose toda.
Ou não? Sei lá…
O que você acha?