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Que maravilha…

“lá fora está chovendo, mas
assim mesmo eu vou correndo
só pra ver o meu amor…”

oito meses distantes…
saudades por todos os poros…
enfim, se reencontrariam…

chovia…

cena de cinema no aeroporto
de madri…
desceu do avião,
ofegante, afobado… mostrou
o passaporte, correu ao encontro
da amada… esqueceu a mala
na esteira… como sua cabeça,
girando, girando, girando…

“e a gente no meio da rua
e o mundo no meio da chuva…
a girar…”

dois gelados dias depois.,
recuperou os pertences…
em zurick…
deu um trabalhão… mas,
nunca foi tão feliz…

que maravilha…

“nós somos todas as canções…” – concluiu.

IV.

estava decidida…

daria um fim naquela história
que se arrastava há anos…
foi o que fez… durante o trajeto,
mal conversaram… ele pressentia
o fim… parou o carro para
conversar… viu que
ela estava irredutível, mas tentava
contemporizar, ser gentil…

“olha, entende, sou muito jovem…
preciso conhecer outras pessoas…
ser mais vivida… só namorei você…
dá pra entender, né…?”

não teve sequer tempo
de responder… (justo naquele
dia ele a levaria em casa, coisa
que nunca fez…) ela desceu
rápido e tomou o primeiro
ônibus que passou…

estava aliviada e algo
arrependida… enxugou
as lágrimas e desceu com passos
firmes, sólidos de mulher
que sabe o que quer…
e não adia decisões…

no ponto final, surpresa…
ele a esperava… com uma
proposta irresistível…

— posso ser seu segundo
namorado?

[Texto publicado no livro “Volteios – Crônicas, lembranças e devaneios”]

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