Carrego comigo a magia e o encanto de sessenta e sete primeiros de setembro.
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O pai e a mãe se casaram em um primeiro de setembro. Foi em 1943.
O pai morreu em 1999. Também num dia primeiro de setembro.
Coisas de um senhor chamado Destino.
Talvez por isso (não estou certo) acho a data especial.
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Na franqueza, meu apreço mesmo é pelo mês de setembro.
Artistas, poetas, sonhadores sabem bem celebrar o mês da chegada da Primavera, com lindas obras.
Minha geração – e as que vieram depois – se encantaram (e encantam) com os versos dolentes de Cassiano para a voz única de Tim Maia:
“Por que… é primavera (te amo)
É primavera (te amo)
Meu amor…”
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O grande Rubem Braga escreveu a sublime “Recado de Primavera” para descrever a manifestação da estação no primeiro setembro após a morte do amigo Poetinha:.
“Meu caro Vinicius de Moraes:
Escrevo-lhe aqui de Ipanema para lhe dar uma notícia grave: A Primavera chegou. Você partiu antes. É a primeira Primavera, de 1913 para cá, sem a sua participação. Seu nome virou placa de rua; e nessa rua, que tem seu nome na placa, vi ontem três garotas de Ipanema que usavam minissaias. Parece que a moda voltou nesta Primavera — acho que você aprovaria. ”
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Particularmente, gosto mesmo de saudar a chegada do mês que nos encaminha para mais um final de ano com a lembrança da crônica “Quando setembro vier”, escrita por Caio Fernando Abreu e publicada em agosto de 1986 pelo O Estado de S. Paulo.
É linda.
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Permitam-me encerrar a conversa de hoje com um breve trecho:
“De tão azul, o céu parecerá pintado. E nós embarcaremos logo rumo às Ilhas Cíclades. Houvesse cortinas no quarto, elas tremulariam com a brisa entrando pelas janelas abertas, de manhã bem cedo. Acordei sem a menor dificuldade, espiei a rua em silêncio, muito limpa, as azaleias vermelhas e brancas todas floridas. Parecia que alguém tinja recém pintado o céu, de tão azul. Respirei fundo. O ar puro lavava meus pulmões por dentro. Setembro estava chegando enfim. ”
(Bom fim de semana, gente boa!)
*** Foto: Jô Rabelo
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