Foto: capas de alguns do livros que escrevi/Arquivo Pessoal
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Rogério diz que estudou na UniFai. Teve aula comigo no curso de jornalismo. Não lembra o ano (nem eu). Assistiu a algumas aulas e desistiu “por falta e grana para pagar a facu” e também porque logo percebeu que a carreira não era exatamente a que sonhou.
Gosta de escrever.
“Mas, não é só isso que faz um bom jornalista.”
Perfeita a dedução.
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A coisa toda é bem complexa.
“Jornalismo é expressão do pensamento social” – dizia o título de uma das enciclopédias infantos-juvenis que o pai me comprou naqueles idos dos anos 60.
Dizia vaga e intrigantemente.
Foi a primeira vez que a existência jornais e jornalistas me chamaram a atenção como profissão.
Talvez naquele preciso instante fez-se a semeadura do que este escrevinhador mequetrefe viria a ser anos e anos depois.
Não tenho certeza. Mas, sim, uma leve impressão.
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Enfim…
Voltemos ao e-mail do Rogério.
Ele me pergunta se tenho ideia de quantos textos escrevi vida afora.
Milhares?
É provável, Rogério.
Não tenho essa conta.
Não tive – e não disponho de -disciplina para fazê-la.
Certamente, não farei.
Só nesta fase de cronista/blogueiro em quase 17 anos são para mais de 4500 mil posts e nove livros.
(Se bem que, em algumas ocasiões, por força das circunstâncias, eu repita ou adapte um ou outro texto antigo – acho oportuno dar-lhe uma segunda chance.)
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Rogério é um rapaz curioso. Diria interessado no tema.
Andou fuçando o site/blog. Posts antigos, algumas reportagens.
E concluí:
Que eu não me atenho a um assunto específico.
“Varia bastante – é normal assim, é?”
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È mais ou menos isso, Rogério.
Minha base no jornalismo foi a reportagem de rua. Àquela época, o repórter só voltava à redação no fim da tarde, início da noite, para escrever o texto.
“Lugar de repórter é na rua caçando notícia” – era o slogan da chefia.
Toda a reportagem tinha cunho presencial – e não escolhíamos assunto. Do buraco de rua ao presidente em visita ao Museu do Ipiranga.
Não fazíamos distinção.
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Com o tempo as coisas mudaram.
Primou-se pela tal especialização.
Mas, quem foi forjado na correria do dia a dia de uma Redação das antigas, de certa forma, ganhou essa bagagem.
Diziam até – e com certo tom pejorativo – que éramos ‘especialistas em generalidades’.
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Hoje quase sempre a conversa do repórter com as fontes são feitas ao telefone ou pelas redes sociais ou ainda via assessoria de imprensa.
Assim é, meu caro.
Novos tempos, novos hábitos, novas formas dos fazeres.
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Se valeu à pena?
Olha, companheiro, agora você me dá a deixa para citar Pessoa.
“Tudo vale à pena se a alma não for pequena.”
Não tenho do que me queixar.
É o que faço, e acredito.
Se não fosse assim, não seria eu.
Talvez alguém muito parecido comigo. Mas, não seria eu.
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Ah!
Em tempo:
Gostei da ideia de revisitar alguns textos do Blog.
Sinceramente, há coisas que escrevi e não lembro. Vou me programar para isso.
Parece uma boa…
O que você acha?