Permitam-me reviver um a velha história.
Se algum de vocês, meus queridos cinco ou seis leitores, passar pelos arredores da igreja Santo Antônio do Pari, reparem se não há um rapaz cabeludo, também aí por volta dos 17 ou 18 anos, com ar contrariado de quem passou a vida a esperar.
Ele está de roupa nova, um tanto ultrapassada para os dias atuais. Mas, o que fazer se ressurgiu agora do túnel do tempo, ainda com a esperança de que a “bandidinha” apareça, como prometeu.
Vou lhes contar como foi.
E foi no mais antigo dos anos.
Eles se conheceram na praia num desses fins de semana de verão. Caminharam pela areia e conversaram o que conversavam os jovens daquela época.
Ela voltaria para São Paulo naquele final de tarde. E ele insistiu que queria tornar a vê-la.
A menina ficou sem jeito, talvez namorasse alguém por aqui, mas concordou.
Combinou então de encontrá-lo no sábado seguinte, às sete da noite. Em frente à igreja de Santo Antônio do Pari.
— Pari?
— É, Pari.
Ele topou, mesmo sem ter a menor noção de onde ficava o bairro operário paulistano e quantas conduções tomaria para lá chegar.
Contou os dias, as horas, os minutos da semana que teimavam em se arrastar. No dia, hora e local aprazados, lá estava ele. E em vão esperou, esperou e esperou.
15, 20, 30 minutos. Uma hora, duas…
Desconfio, aliás, com uma ponta de nostalgia, que muito do meu sonhar ainda continua por lá. À espera de quem nunca veio – nem virá.
Valei-nos Santo Antônio! Que ilumine as nossas esperas, pois de lembranças e algum sonhar também se vive…