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Que tipo…

Trata-se de um sujeito boa praça.

Mas tem lá suas resistências.

Na escolinha, nunca participou
do célebre teatrinho – e olha que até
foi escalado para fazer o papel de árvore.

Dançar quadrilha nas festas juninas,
que estragavam os sábados
dos adultos, nem pensar.

Até ia à missa, mas ser coroinha
não era com ele. Também não topou
sair de anjinho na procissão.
A mãe ficou triste, triste.

Um amigo do pai quis levá-lo
para ser ‘lobinho’. Depois, ascenderia
ao grau de escoteiro.
Deixou o “tio” falando sozinho.

Falaram que precisava desfilar
no 7 de setembro. Arranjou uma
gripe daquelas – e nem saiu da cama.

Ah! nem seria preciso dizer.
Mas, é minha obrigação:
nunca tocou em fanfarra…

II.

Cresceu sem ler Harry Porter –
mas, continuou irredutível.

Não desfilou em escola de samba.

Não fez parte de torcida uniformizada.

Não foi eleito para nada.

Também nunca elegeu ninguém.

Na faculdade, nunca foi
o primeiro da classe,
mas também não foi o último

Nas festas, ia e ficava na dele.

Ninguém nunca o viu breaco.

Não era pagodeiro.
Não era roqueiro.
Não era. Simplesmente…

Também não fazia figuração.

III.

Virou adulto.

Formou-se doutor. Mas, não
colocou o diploma na parede.

Não usa anel.
Não usa relógio.

Celular, só sem câmera.

Odeia o dvd do Seo Jorge com a Ana Carolina.

No reveillon, não entra no mar.
Também não usa roupa branca.

Quer distância de superstições,
amuletos, patuás e quetais.

Veste-se sobriamente.

Gravata amarela, não pode nem ver.

Trabalha manhã, tarde e noite.

Dorme no fim de semana…

É assim. Simplesmente assim.

IV.

Até que hoje lhe disseram:

— Meu, você é um personagem e tanto.

Um outro emendou:

— Daria uma bela crônica…

Ele respondeu:

— Só se fosse escrita pelo Veríssimo.

Pô, queria tanto escrever
um post básico sobre o tipo…

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