Sobre o que escreverei hoje?
Adivinhem?
Não há como fugir da discussão que está na ordem do dia (e que conspirou na sombra da noite): o retrocesso em que o País acaba de mergulhar.
II.
Dúvida.
País ainda se escreve com caixa alta, como me ensinou a professora Izabel (“Isso mesmo Izabel com zê, meninos”) ou por reinaugurarmos a imensa República das Bananas, com um impostor como chefe de estado e uma corja a ampará-lo, estamos liberados a escrever em minúscula mesmo?
Maiúscula ou não, tanto faz.
É o que menos importa.
III.
Permita-me desabafar. Ou ao menos passar a limpo esses últimos acontecimentos. Ou lamentar que tanto se fez, tanto se andou (ou tentou andar) para, outra vez (e mais esta vez parece claro que sempre será assim), contemplarmos os Donos do Poder como senhores também do destino da Nação?
Será que somos uma Nação?
De novo, atropelo a gramática – escrevo a palavra em alto e baixo, como dona Izabel me ensinou – para não perder o mote e o raciocínio.
“O Brazil não conhece o Brasil”, diz o verso do genial Aldir Blanc para a melodia de Maurício Tapajós (‘Querelas do Brasil’, ouçam como trilha sonora. No YouTube tem).
IV.
Está claro para mim.
A coisa toda do combate à corrupção – elogiável, sempre – transformou-se em espessa cortina de fumaça para apear o PT do Planalto.
O ódio cego a Lula, a Dilma e ao Partido dos Trabalhadores ( que antes de sofrer o Golpe, deu um golpe na pauta das esquerdas nativas) é emblemático.
Divide o País em nós e eles.
A Casa Grande e a Senzala.
(Perdoe-me citar, pela milionésima vez, Gilberto Freire)
Só que, atente, nós, os classemedianos, os remediados com grife, os que puderam ter acesso ao ensino… Nós, esses tais e quais, não pertencemos à Casa Grande.
Se hoje vivemos um tantinho melhor, temos um carrão importado (mesmo que seja velhinho e amassado), colocamos nossos filhos em boas escolas particulares, frequentamos shoppings classudos para comprarmos uns trapinhos etiquetados, temos um chatô nos trinques em bairros ditos nobres ou próximos a eles…
Repito: se hoje vivemos um tantinho melhor, não significa que pertencemos à turma dos bacanas. Que somos assim um João Dória, que seremos entrevistados pelo Amaury Júnior (que é um cara legal, ressalte-se), que vamos frequentar a mansão de Angra dos Marinhos.
Não se iluda, companheiro.
V.
Repare aí, “bonitinho” ou “bonitinha”, como diz o fofo do Ronnie Von todas as noites na TV Gazeta.
Olhe ao redor.
Tente entender que só existe o Brasil com s.
Que só será um grande País, uma grande Nação – soberana, independente – quando se fizer verdadeiramente a Pátria-mãe de todos nós, indiferente de credo, cor, religiosidade, orientação sexual e classe social.
VI.
E aí, cumpadre? E aí, cumadre?
A que tribo você pertence?
Não grite, não berre.
Pense nisso!
Pense em um Brasil justo, igualitário. Para todos brasileiros.
VI.
E continue me querendo bem.
Que não custa nada…