Foto: Jô Rabelo
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Então, perguntaram ao poeta Mário Quintana:
– O senhor gosta de ler?
E ele respondeu:
– Olha, dizem que há uma época de ler e outra de reler. Pois, lhe digo que estou numa época de desler. A gente quando começa a vida, quer decifrá-la pela leitura dos livros. Quando era adolescente, me lembro que devorei Dostoievski, tomei indigestão de tudo quanto era filósofo e depois descobri que, em quase 10 mil anos de pensamento humano, gente tão boa como Sócrates que, para não citar outros nomes mais, não resolveu o problema do ser. Não seria eu a resolver, confere? Então hoje leio para me distrair… E é o que me basta.
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Encontro a fala descompromissada do poeta gaúcho Mário Quintana (1906/1994) num exemplar do livro Mário Quintana, vida e obra, organizado por Nelson da L. Fachinelli, editado pela Bells, em 1976, por ocasião do septuagésimo aniversário de Quintana.
Resolvi aqui publicá-la num impulso. Talvez porque eu mesmo esteja próximo dos 70 e tenho me dedicado mais a releituras do que aos novos títulos e autores. Talvez porque prefira não ouvir e não ler (e não comentar, só lastimar) o que tenho ouvido e lido por parte de quem não merece o lugar que ocupa e desonra…
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Faço a ressalva, com atraso, mas necessária.
Entre os trôpegos assuntos do fim de semana, nada me comoveu mais do que a triste notícia do falecimento de mais um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira: a atriz Ruth de Souza, aos 98 anos.
Meus sentimentos e reconhecimento ao legado que deixa às novas gerações de atores e atrizes.
Fazer arte no Brasil, seja em que época for, é um ato de fé e coragem.
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Por isso – e para reverenciar a memória de Quintana e Ruth, termino com o poema do próprio Quintana e a música de Izaías e Seus Chorões:
O Caminho
Passa o Rei e seu cortejo.
Passa o Deus no seu andor.
E, milênios depois, neste caminho, apenas
Ainda sopra o vento nas macieiras em flor.
Vera Tomaz d Lima
30, julho, 2019Sou sua fã!te conheci através d um amigo querido,vereador Almir Guimarães!
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