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Raulzito

‘Raul – O Início, o Fim e o Meio’ é um belo documentário, assinado por Walter Carvalho. Repercute, em duas horas e tanto, a vida, a lenda e o mito do cantor/compositor baiano, que morreu em agosto de 1989.

Sua trajetória é capítulo único, relevante, indispensável em qualquer antologia sobre a música popular brasileira. Que, diga-se, teve momentos auspiciosos nas décadas de 60 e 70 e um tantinho dos 80, quando Raulzito apareceu e aconteceu, com seus hits indiscutíveis – “Let Me Sing”, “Ouro de Tolo”, “Gita”, “Eu Nasci Há Dez Mil anos Atrás”, “Rock das Aranhas”, “Maluco Beleza”, entre outros.

Além de cenas raras de arquivos particulares, as participações de importantes personagens da época dão tocante veracidade à narrativa. André Midani, Solano Ribeiro, Nélson Motta, Caetano Veloso, Edy Star, os amigos de infância e adolescência, os familiares, as mulheres e filhas de Raul, Nélson Motta, os parceiros Cláudio Roberto, Paulo Coelho e Marcelo Nova estão entre os entrevistados.

Entre as discussões, o documentário recupera uma velha questão.

Quem terá sido o melhor parceiro de Raul?

Que melhor entendeu sua lenda pessoal…

Que melhor formatou seus rocks e baladas…

Paulo Coelho resolveu a charada em um de seus depoimentos:

“O melhor parceiro de Raul foi o próprio Raul.”

Nada mais a acrescentar.

Saio do cinema pensando o quanto obras como esta são fundamentais para a compreensão da nossa identidade cultural, do quanto a arte – em especial, a música popular – foi fundamental naquele difícil período do autoritarismo e da repressão.

Chego em casa assoviando “Gita”. Ligo a TV e vejo, no Programa do Faustão, a escolha dos melhores do ano na categoria música popular.

Os finalistas: Michel Teló, Gustavo Lima (nem sabia que existia) e Paula Fernandes.

Não esperei sequer o resultado.

Voltei para o cinema correndo…

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