Outro apelido para a minha coleção.
“Ray Conniff.”
Quem assim ontem me saudou, em tom de gozação, foi o amigo cinquentão Valdir Boffetti, mas a brincadeira não provocou qualquer reação na roda de jovens ali reunidos.
Passou batida.
Ninguém entendeu.
Poucos ali ouviram falar do renomado maestro que fez girar e girar algumas gerações pelos salões de bailes ao som de canções como “Besame Mucho”, “ La Mer”, “Aquellos Ojos Verdes”, entre outros tantos e tamanhos clássicos dançantes.
Connif, orquestra e cantores tinham estilo personalíssimo. Misturavam as nuances sonoras das bigs bands com ritmos mais populares, especialmente os latinos, com destaque para os metais (ele próprio era trombonista, e dos bons), e as vozes agudas e insinuantes dos intérpretes.
Diria que seus hits eram os mais esperados nas colações e festas dos idos de 60 e 70.
A pista de dança ficava repleta de pares. A atmosfera propunha o romance e o encantamento. Old times. É bem possível que o papai e a mamãe de muito marmanjo que agora nos lê e que naquela hora nos ouvia acabaram por se conhecer e se enamorar nos rodopios da vida, com a impecável trilha sonora de mestre Conniff.
Vale a pena uma busca no You Tube. Tudo o que eu disser, por mais arabescos que escreva aqui, será pouco.
Não, não meus caros cinco ou seis leitores, não foi o meu talento musical que fez com o fanfarrão Valdir me aplicasse tal chamamento. É que, com o passar dos anos, o músico adotou como layout uma peruquinha Chanel grisalha e uma barbinha rala, aparada, branquinha, branquinha.
Por enquanto, ainda estou dispensando a peruca.
*Leia também “Meus tipos”, publicado em 01/10/2015, na seção Parangolés.