Cheguei na Redação na miúda.
Fevereiro de 1992. Ainda arrastava comigo a preguiça das férias de verão. Havia acertado com o assessor de Milton Nascimento uma entrevista por telefone, com o cantor que se apresentaria em São Paulo na semana seguinte. Ele estava em algum ponto de Minas Gerais e se preparava para um giro internacional que começaria em Nova York, onde era um dos finalistas do Grammy.
Precisava daquela entrevista o quanto antes. Em São Paulo, o cantor não falaria com ninguém. Chegaria para o show e a viagem.
Daí, a minha urgência em sair na frente com a matéria.
— Posso ligar a que horas, perguntei ao assessor.
— O Milton não tem hora para acordar. Nós ligamos, ok?
Dei o número do telefone da mesa do editor.
E fiquei na minha.
Pouco antes das três, o horário previamente combinado, toca o telefone.
Eu, na maior discrição. Ouço a voz do chefão em tom incrédulo:
— Quem? Ah! Sim, sim. Um momento…
No meu canto, capricho na expressão de entendiado.Desconfio que o editor imagina que seja um trote, mas prefere não correr os riscos:
— Rodolfo, o Milton Nascimento quer falar com você.
A Redação silencia, com ares de surpresa.
Puxo a ligação e atendo:
— Oi, Milton, tudo bem? Então, você faz show em São Paulo semana que vem. Podemos conversar…
Ninguém acreditou. Mas, nesse dia, botei uma marra de fazer inveja ao Romário, ao Renato Gaúcho e que tais.
O papo deu na reportagem está
em LEIA ESTA CANÇÃO (17.02.1992) http://www.rodolfomartino.com.br/artigo.php?id_artigo=1034
Leia!
[Texto publicado no livro "Meus Caros Amigos – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões"]