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Relatos de um viajante parvo – San Simon (2)

Pois é…

Não sei se teremos uma história propriamente dita. Os caros cinco ou seis leitores que aqui me acompanham bem sabem, não sou lá essas coisas como “cronista mundano”, como diria o grande Sergio ‘Stanislaw Ponte Preta’ Porto.

Tentar eu bem que tento.

Mas, sei lá…

É que, naquele aprazível recanto à beira do Pacífico, fiquei a imaginar o que o grande e centenário Rubem Braga escreveria diante daquele marzão todo. Parecia cenário de filme a visão que este humilde escrivinhador tinha da varanda do quarto em que o Degas aqui estava.

Para completar, era fim de tarde.

O céu estampava tons alaranjados que se sobrepunham. Com suavidade e mistério.

E eu ali, de bobeira, o novo livro de Braga na mão (Retratos Parisienses), não sabia com qual dos dois meu encantamento era maior.

Deixo para depois as andanças de Braga pela Europa dos anos 50.

Bom de ver o recorte do rochedo distante, sob uma fina névoa, a invadir o azul acizentado das águas revoltas, tocadas pelo vento. Pude finalmente entender o que o cronista-mor chama ‘mar encapelado’.

Alías, o vento é tão presente por aquelas bandas que se faz quase visível. Basta acompanhar o planar das aves marinhas. Que se insinuam e equilibram como podem, sem perder a elegância. Mesmo quando se deixam levar, as tais não perdem a pose e nos dão a sensação de que é por ali mesmo que querem seguir.

Sabem o que fazem.

Ou fingem saber.

Como o cronista. A tocar as palavras para uma boa história. Sem saber exatamente se o final será incerto ou feliz. Sem saber se alguém aí do outro lado da tela quererá acompanhá-la até o final. Se, para ao incauto leitor, fará algum sentido. Ou se, de algum modo, vai confortá-lo de algum dissabor ou provocar qualquer emoção, ínfima que seja. Instantânea assim como o voo de um pássaro a riscar o horizonte em um fim de tarde, quando se está longe de casa.

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